Nesta quinta-feira (14), durante a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, o ex-comandante do Comando Militar do Planalto (CMP), general Gustavo Henrique Dutra informou que o general Marco Antônio Freire Gomes mandou cancelar a operação de desmobilização do acampamento dos apoiadores de Jair Bolsonaro, em Brasília no dia 29 de dezembro de 2022. 

O general presta depoimento na CPMI do 8 de janeiro, no Senado Federal.  

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A relatora da comissão, Eliziane Gama (PSD-MA) informou que a PMDF foi mobilizada três vezes para retirar o acampamento instalado em frente ao Quartel General do Exército, no Setor Militar Urbano (SMU), em Brasília.  

Segundo Eliziane, os depoimentos e documentos recebidos pela CPMI mostram que a ação da Praça dos Cristais foi suspensa por determinação de Dutra.  

 “Pelas informações que tenho, o senhor [general Gustavo Henrique Dutra] obstruiu e impediu. Isso fica de forma muito clara. O senhor recebeu pressão para que os acampamentos não fossem retirados por conta da presença de familiares de generais e de oficiais do Alto Comando do Exército?” questionou Eliziane. 

Durante o depoimento, Dutra negou ter sido pressionado para manter o acampamento ou que tenha impedido as ações de desmonte.  

Porém, afirmou que no dia 29 de dezembro o general Freire Gomes ligou para que apenas militares do Exército acompanhassem os servidores do DF durante a operação de retirada. A ação removeu apenas barracas desocupadas.  

“Recebi uma ligação do comandante do Exército. Ele viu que o clima na Praça dos Cristais havia ficado mais tenso e determinou que a operação fosse cancelada com a presença da PMDF e continuasse somente com o Exército. No dia 29, não poderíamos ter um enfrentamento. Estávamos nas vésperas da posse. Um enfrentamento poderia atrapalhar a normalidade do evento que aconteceria logo depois. O Exército é baseado na hierarquia e na disciplina. Se eu recebesse ordem do comandante [para a retirada do acampamento], com certeza cumpriria”, disse o general. 

Dutra também negou que tenha existido “inércia ou complacência dos militares” na desmobilização dos manifestantes. De acordo com o oficial, apenas na noite do dia 8 de janeiro, após os ataques à Praça dos Três Poderes, o Supremo Tribunal Federal (STF) ordenou a retirada do acampamento e a prisão dos golpistas. 

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