O ex-diretor adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Saulo Moura da Cunha, afirmou a CPMI do dia 8 de janeiro que Gonçalves Dias, ex-ministro do GSI foi avisado sobre os ataques do dia 8 de janeiro pelo WhatsApp.

A declaração do ex-gestor ocorreu nesta terça-feira (1°), em oitiva da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura os atos antidemocráticos na praça dos Três Poderes.

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Segundo o ex-Abin, o general recebeu os alertas por meio de uma planilha.

“[Eu] Fiz os dois relatórios. O primeiro numa planilha que continha os alertas encaminhados pela Abin a grupos e continha também os alertas encaminhados por mim pessoalmente, do meu telefone, ao ministro-chefe do GSI [GDias]. Entreguei essa planilha ao ministro, e ele determinou que fosse retirado o nome dele dali, porque não era o destinatário oficial daquelas mensagens. Que ali fosse mantido apenas as mensagens encaminhadas para os grupos de WhatsApp. Ele determinou que fosse feito, eu obedeci a ordem”, disse Saulo a deputados e senadores.

Além disso, o Cunha afirmou que a Abin não teve interesse em esconder nada.

“Não houve da minha parte interesse em esconder informação, tanto que apresentei ao ministro. Cabe ao ministro decidir se encaminha ou não aquela informação. Da parte da Abin, não houve nenhuma iniciativa em esconder que o ministro recebeu informações. E ele recebeu essas informações de mim”, disse o ex-diretor da Abin.  

A alteração nos documentos resultou dois relatórios, um com o nome do ex- ministro do GSI e outro sem o nome de Gonçalves Dias.

O ex-diretor foi exonerado do cargo da diretoria da Abin em março.

Cunha foi escolhido por Lula em abril para chefiar a assessoria especial de Planejamento e Assuntos Estratégicos do GSI.

Uma semana após a posse de Cunha, foram divulgadas imagens de Gonçalves Dias, dentro do Palácio do Planalto, durante os atos do dia 8 de janeiro.

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A convocação do ex-diretor foi solicitada por quatro parlamentares da oposição, senador Magno Malta (PL-ES), deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), deputado federal Marco Feliciano (PL-RJ) e deputado federal Delegado Ramagem (PL-RJ).