Deputados da base governista passaram a defender a instalação da CPMI dos atos golpistas após demissão do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Gonçalves Dias, nesta quarta-feira (19).

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A decisão ocorre um dia depois de líderes do governo pedirem o adiamento da sessão do Congresso que faria a leitura da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre o tema.

A comissão é capitaneada por parlamentares do grupo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A mudança de posição dos parlamentares da base de Lula (PT) ocorreu após divulgação de vídeo do chefe do GSI no Palácio do Planalto na hora dos ataques aos prédios públicos.

O general Gonçalves Dias teria facilitado o trânsito de vândalos durante os protestos de 8 de janeiro. O ministro pediu exoneração do cargo ainda nesta quarta.

Base do governo e a CPMI

O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE) disse que “o fato de hoje” mudou a posição do governo sobre a CPMI.

“Se o presidente (do Congresso Rodrigo Pacheco) ler CPMI e partidos quiseram, vamos estar dentro”, afirmou o parlamentar.

O deputado Guimarães também afirmou que o governo será o primeiro a indicar membros da comissão.

“Queremos apuração ampla, geral e irrestrita, doe em quem doer. Se o Congresso quiser instalar CPMI, estamos prontos para ajudar, inclusive para investigar”, reafirmou.

Mais cedo, o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), vice-líder do governo na Câmara, defendeu que a CPMI poderia afetar Bolsonaro.

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Na ocasião, o petista sugeriu o ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres, preso desde janeiro, como um dos primeiros nomes a depor na CPMI.

“Ganhou força do nosso lado a tese dos que defendiam que a CPMI era boa desde o começo. Essa CPMI vai ser uma dor de cabeça para Bolsonaro, para deputados bolsonaristas. É uma mudança de página. Agora é ir para a CPMI para a ofensiva política”, disse Lindbergh.

Já Zé Neto (PT-BA) acredita que é preciso priorizar o arcabouço fiscal e reforma tributária, mas entende que há espaço para a instalação da CPMI.

“Tenho uma preocupação grande com a situação econômica do país, vejo a CPMI com ressalvas, mas defendo que ela seja instalada no segundo semestre”, opinou.

A CPMI ainda gera divergências no governo. Inicialmente, o líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu (PR), negou a possibilidade de apoio à comissão de inquérito.

Oposição ao governo Lula

A oposição ao governo Lula concentra todos os esforços para que seja feita a leitura do requerimento da CPMI, de autoria do deputado André Fernandes (PL-CE).

A estratégia parte de encontrar uma responsabilização do governo federal, que teria conhecimento prévio das manifestações e preferiu não reforçar a segurança do entorno da área dos Três Poderes.

Enquanto o governo adiava a sessão do Congresso, deputados bolsonaristas usaram das comissões para pressionar ministros sobre o 8 de janeiro.

Gonçalves Dias e ausência

Nesta quarta (19), Gonçalves Dias falaria à Comissão de Segurança Pública e até confirmou a presença às 10h para se explicar para os deputados.

Após ser noticiado que aparecia em imagens do circuito interno de TV do Palácio do Planalto sem confrontar invasores golpistas, o militar apresentou atestado médico às 13h justificando a ausência.

O documento assinado pelo médico João Luiz Henrique da Silveira relatou que o então ministro teve um “quadro clínico agudo com necessidade de medicação e observação”.

A declaração médica, no entanto, não especificou a causa ou código de doença.

Deputados logo aprovaram em seguida uma convocação de G. Dias, obrigando-o a comparecer à Câmara para explicar suas ações no 8 de janeiro.

Após a divulgação dos vídeos e forte repercussão negativa na mídia, Dias pediu demissão, que foi aceita por Lula.