Dados divulgados pela Junta Comercial do Estado do Amazonas (Jucea-AM) apontam que 1.609 novas empresas de comércio foram abertas no Estado nos primeiros seis meses de 2021. Em meio a esse número, jovens empreendedores chamam atenção pela coragem de investir em um cenário ainda com reflexos da pandemia.

É o caso do veterinário especializado em ortopedia veterinária e cirurgia traumatológica Christian Maciel da Silva, de 27 anos. Ele não abriu mão da profissão, mas, no mês de julho, investiu no ramo de bares. A “Taberna do Careca”, localizada no conjunto Manoa, bairro Colônia Santo Antônio, Zona Norte, é a sua nova fonte de renda.

Christian disse que a ideia de abrir um bar partiu do entendimento da necessidade dos amazonenses na busca por lazer.

“Geralmente o lazer do brasileiro está voltado ao consumo de bebidas, eventos, assistir futebol, lutas, etc. Daí eu queria incorporar esses interesses a esse tipo de segmento, que é o de comércio ao abrir um bar”, disse. 

Mas nem tudo são flores quando se resolve abrir a própria empresa. O veterinário conta que encontrou mais dificuldades do que facilidades para abrir o seu bar.

“A parte mais complicada está na burocracia para abrir o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica  (CNPJ). E os insumos, os materiais, os eletrodomésticos, tudo isso são bastantes caros”, criticou. 

Investimento     

E no que tange ao investimento no negócio, Christian estima que foi entre R$ 5 a R$ 10 mil. “Mas claro que a gente vai fazendo uma pesquisa de mercado, produtos, investigando materiais um pouco mais baratos ou substituíveis, na tentativa de sempre gastar menos, primando pela qualidade dos produtos para servir melhor o meu cliente”, afirma.    

Marketing em família

Para divulgar o negócio, ele conta com o apoio da família e de qualquer plataforma que tenha a maior quantidade de acesso a pessoas, além também do boca a boca. “Eu e minha esposa, Gabriele Araújo, abrimos na raça e na coragem, com o apoio da família de ambos. E também buscaremos parceria com blogueiros para a divulgação do lugar”, planeja. 

Pandemia

Com relação à restrição de pessoas por conta da pandemia da Covid-19, Cristian concluiu que o lugar está bem limitado para entrada de clientes.

“As mesas estão afastadas dois metros uma da outra obedecendo o decreto do governo do Estado, juntamente com a higienização dos nossos profissionais e a utilização de máscaras”, concluiu.   

Em busca de comida saudável

Outros jovens empreendedores que resolveram arriscar no próprio negócio é o universitário Vinícius Barrella, de 21 anos, e o amigo de longa data, Lucas Pinto. A dupla é proprietária do restaurante Boali, localizado no Amazonas Shopping.  

Há poucos meses no ramo de restaurante de comida saudável, Barrella disse que teve a ideia de abrir um negócio próprio no ano passado quando estava, ele e sua namorada, em busca de um restaurante de comida natural em um shopping da cidade.   

“Após minha namorada questionar que não havia um restaurante de comida saudável ali naquele shopping, tive a sacada de procurar uma franquia para abrir uma lanchonete no mesmo segmento, e convidei meu amigo Lucas para investir na Boali”, revelou.

Ele conta ainda, que decidiu abrir um negócio em busca da independência financeira.

“Eu tenho planos na minha vida. E desde muito jovem eu tinha certeza que não queria depender do meu pai para alcançar os planos que tinha quando ficasse adulto”, afirma. 

Mas antes de decidir pelo restaurante, Barrella lembra que ainda pensou mais sobre que tipo de negócio queria investir. O investimento no Boali foi de mais de R$ 600 mil.

“Mas hoje em dia para se abrir uma empresa, o negócio não precisa ser só bom, precisa de um contador e de pessoas especializadas em te ajudar a diminuir a carga tributária, que não favorece a abertura de microempresas ou de empresas de pequeno porte. E as facilidades, não senti nenhuma”, declarou.  

Sobre o marketing da empresa, ele diz que as redes sociais promovem o negócio.”Nós procuramos pessoas que buscam bons hábitos alimentares e jovens. E também estamos obedecendo as medidas de restrição social no uso de máscara e álcool em gel”, finalizou.

Aumento de empresas novas    

Comparando os primeiros semestres de 2021 e 2020 é possível notar incremento favoráel no mercado a partir desse ano.

Nos primeiros seis meses de 2020, o início e o aumento dos números da pandemia frearam os investimentos, quando um total de 1.042 empresas foram abertas. Na subtração (1.609) com o mesmo período desse ano, foi registrado um acréscimo de 567 novas empresas no segmento comercial no Estado.  

Um sinal de que um cenário mais otimista começa a ser desenhado.