O presidente Lula afirmou na sexta-feira (12), que a negociação para uma base de apoio ao governo no Legislativo precisará ser construída a cada votação no Congresso.
+ Envie esta notícia no seu WhatsApp
+ Envie esta notícia no seu Telegram
O Palácio do Planalto ainda enfrenta dificuldades para constituir uma frente governista entre os parlamentares e principais bancadas partidárias.
Nos últimos dias, após reveses no plenário da Câmara, o governo acelerou a liberação de recursos para deputados e senadores.
Verbas “penduradas”
O ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou na quinta (11) que o governo já liberou aos parlamentares R$ 4 bilhões em emendas negociadas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que estavam “penduradas”.
O ministro procurou atribuir à gestão anterior o que chamou de “calote” em estados e municípios pelo não pagamento da verba programada.
Os recursos compõem o pacote de restos a pagar do orçamento secreto, mecanismo declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
De acordo com apuração do Estadão, o governo Lula não colocou em prática procedimentos para dar transparência à distribuição das emendas.
O valor total dos recursos deve chegar a R$ 9 bilhões.
As verbas serão liberadas pelos ministérios das Cidades e da Integração Nacional e poderão ser pagas conforme o resultado das votações e a “fidelidade” dos parlamentares.
Além de ser pressionado também pela liberação do saldo deixado por Bolsonaro, o Planalto mandou pagar R$ 10 bilhões em emendas do Orçamento de 2023.
RELACIONADAS
+ Lula diz que Bolsonaro está ‘dentro de casa com o rabinho preso’
+ Bolsonaro deve processar Lula por acusações sobre mortes na pandemia
+ Lula lança Programa Escolas em Tempo Integral no Ceará
Teste de Lula
Ao participar do lançamento de um programa de escolas de tempo integral, em Fortaleza (CE), Lula afirmou que é o governo que precisa do Congresso.
Na ocasião, o petista defendeu negociação com o Legislativo e sugeriu que vai testar sua base de apoio a “cada votação”.
“Eles (parlamentares) serão testados em cada votação, cada votação você tem que conversar com todos os deputados, nenhum deputado é obrigado a votar naquilo que o governo quer, do jeito que o governo quer”, disse Lula.
Ainda de acordo com Lula, os congressistas podem “pensar diferente” do governo.
“Pode fazer uma emenda, querer mudar um artigo, e nós temos que entender que isso faz parte do jogo democrático. Não tenho que perguntar de que partido ele é, tenho que tentar pedir para ele votar em nós”, afirmou.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), havia cobrado pessoalmente Lula pelo pagamento das verbas “penduradas”.
Os R$ 9 bilhões remanescentes do orçamento secreto poderão ser pagos gradualmente.
Saúde e educação
Padilha disse que o pagamento das emendas prioriza obras em andamento, ações que reduzam filas de cirurgia e exames no Sistema Único de Saúde (SUS), além de projetos da área de educação.
“São recursos autorizados pelo Supremo Tribunal Federal no final do ano passado e que o governo anterior estava dando um calote”, afirmou o ministro.
Sobre a transparência na distribuição do dinheiro público, Padilha disse que “a diferença é como da água para o vinho”.
“Você consegue dizer exatamente para quem foi liberado o recurso, com transparência”, destacou.
O ministro, no entanto, não deu detalhes de como teria se concretizado essa mudança.
Ele disse apenas que os ministérios avaliaram os projetos prioritários para o governo, com foco nas áreas de saúde, infraestrutura e educação.