A criminalização da maconha no mundo se deve a uma ação persistente, dedicada e intensa dos Estados Unidos da América (EUA). O movimento de tornar crime tanto o tráfico quanto o uso da cannabis começou nas primeiras décadas do século passado. Em meados dos anos 1900 a erva já era severamente banida em quase todos os países signatários da ONU.
Hoje, os EUA estão à frente do movimento contrário. Desde 2012, 27 estados do país já descriminalizaram tanto o uso medicinal quanto o recreativo da maconha.
Cada um deles tem suas regras particulares, que regulamentam o plantio, o transporte, a venda em lojas apropriadas, a tributação e a quantidade que cada pessoa pode possuir para uso recreativo.
US$3 bi em impostos
Os estados americanos já alcançaram uma arrecadação bilionária com a taxação do comércio da maconha. Entre julho de 2021 e junho de 2022, 11 estados arrecadaram US$2,9 bi, taxando apenas a cannabis de uso recreativo. Os dados são da Brookings Institute.
Reclassificação
No final de maio, o governo do presidente Joe Biden deu um passo histórico em sua política anti-drogas. Membros da administração anunciaram que o governo tomaria medidas para reclassificar a cannabis como “substância de menor risco”.
De acordo com o novo entendimento, a maconha descerá dois degraus na escala de periculosidade. A nova classificação coloca a erva ao lado de medicamentos prescritos como a cetamina e o Tylenol com codeína.
Por outro lado, a Food and Drug Administration recomendou o reescalonamento da maconha porque ela atende a três critérios: um menor potencial de abuso do que outras substâncias; um uso médico atualmente aceito em tratamentos nos EUA; e um risco de dependência física baixa ou moderada em pessoas que abusam da droga.
Uso diário
Estudo publicado pela revista Adiction, em maio, informa que o número de usuários frequentes de maconha nos Estados Unidos superou o de consumidores frequentes de bebidas alcoólicas.
Dados da Pesquisa Nacional sobre Uso de Drogas e Saúde também mostram que a taxa per capita de relatos de uso diário ou quase diário de maconha aumentou 15 vezes de 1992 a 2022.
Já levantamento feito pelo jornal britânico “The Economist”, baseado na mesma pesquisa, aponta que um a cada seis americanos usa maconha pelo menos uma vez ao mês.
Além disso, o levantamento do periódico britânico revelou que cerca de 5% dos americanos –cerca de 11 milhões de pessoas– usam maconha todos os dias.
Brasil
Na contramão do movimento norte-americano, o Congresso brasileiro tenta recrudescer a lei para os usuários de maconha. A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (12), Proposta de Emenda à Constituição que criminaliza o porte e a posse de qualquer quantidade de droga.