Em cada quatro brasileiros, três vivem em cidades mais suscetíveis a passar por algum episódio relacionado a chuvas intensas.   Alagamento, inundação, enxurrada ou deslizamento de terra são algumas das intempéries decorrentes do fenômeno.

O levantamento foi feito sob a coordenação da Casa Civil da Presidência da República para orientar, entre outras ações, a escolha das cidades a receberem recursos do Programa de Aceleração do Crescimento, o novo PAC.

O estudo aponta que 1.942 municípios – 34,9% das cidades brasileiras, têm esta vulnerabilidade, envolvendo 73% da população do país.

A primeira  vez que o governo federal desenvolveu uma lista do tipo foi em 2012, durante o 1º mandato de Dilma Rousseff (PT), no âmbito da 2ª edição do PAC.

Na ocasião, foram identificados 821 municípios críticos a serem priorizados. Este número mais do que dobrou no segundo levantamento.

No Rio Grande do Sul, que enfrenta tragédia sem precedentes em decorrência das chuvas, o estudo mais recente detectou 142 municípios vulneráveis. O estudo coloca o estado como o 4º com mais municípios listados, atrás de Minas Gerais (283), Santa Catarina (207) e São Paulo (172).

Em termos de população afetada, o Rio Grande do Sul ocupa a 12ª posição entre 27 Estados, com 4,1% de seus habitantes vivendo em áreas de risco para desastres

Prevenção

Regina Alvalá é diretora do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais). O órgão, vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, ajudou a elaborar o levantamento. 

De acordo com a diretora, nota técnica do próprio Cemaden demonstra que, de 2016 a 2024, pelo menos cinco estudos indicaram o Estado como região crítica para inundações e enxurradas quando considerados cenários futuros de aquecimento do planeta.

Com base nos estudos técnicos, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima vem preparando, desde 2023, um plano de prevenção e enfrentamento dos eventos climáticos extremos. 

A construção da estratégia teve início quando chuvas destruíram o município de São Sebastião, no litoral norte paulista, deixando um rastro de 64 mortes. De acordo com a ministra Marina Silva, a partir de então o plano está sendo desenvolvido em conjunto com outros ministérios. Sua promessa é, em breve, levar uma proposta à análise do presidente Lula.