Um estudo da Universidade de Brasília (UnB) revela que a malária avança na Amazônia, impulsionada pelo desmatamento e garimpo ilegal em terras indígenas, que cresceu 102% entre 2018 e 2021.

O surto de malária foi observado nas Terras Indígenas Yanomami, em Roraima, e Munduruku, no Pará, conforme análise publicada na segunda-feira (24) na “Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical”.

A pesquisa mapeou o cenário epidemiológico da malária em áreas de garimpo no Norte do Brasil entre 2011 e 2023. O estudo propõe estratégias para controlar a incidência da doença, revisando os principais estudos sobre o tema.

Para isso, foram usados dados de casos registrados no Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica (Sivep-Malária) e no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).

O pesquisador, coautor do estudo e doutorando em Medicina Tropical na UnB, Pablo Sebastian Tavares Amaral apontou que, de 2018 a 2021, os casos de malária em áreas de garimpo aumentaram 102%.

“Esses números podem ser subestimados, uma vez que, devido à atividade do garimpo ser ilegal, muitos omitem a informação de que são garimpeiros”, destacou Amaral.

Nos últimos 13 anos, mais de 253 mil casos de malária foram registrados em áreas de garimpo ilegal. Os registros começaram a subir especialmente a partir de 2020.

Mato Grosso e Roraima são os estados mais afetados, com aumentos significativos de casos entre 2017 e 2022, principalmente em áreas de garimpo ilegal. Em 2020, 59% dos garimpos brasileiros eram ilegais, segundo a pesquisa.

O relatório destaca a importância de mapear as áreas de garimpo afetadas pela malária para orientar ações de vigilância e controle. Observa-se que as áreas de garimpo ilegal têm pouca infraestrutura de saúde, dificultando o tratamento da malária.

A grande quantidade de garimpos ilegais apresenta desafios significativos para o monitoramento. Essas áreas se tornam criadouros de mosquitos transmissores da malária.

Outras estratégias incluem expandir a vigilância da malária por meio de agentes comunitários e ações multissetoriais para fornecer assistência imediata às populações indígenas.

O estudo também propõe conectar dados de desmatamento e malária, inserindo alertas sobre desmatamento no Programa Nacional de Prevenção e Controle da Malária. Essas ações podem melhorar o diagnóstico e tratamento da malária em terras indígenas e outras regiões afetadas.

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