O interesse pela Economia

Mara foi correspondente da Isto É em Brasília. Com a venda da revista, recebeu um convite para cobrir Finanças e Dívida Externa na Gazeta Mercantil, em São Paulo. A partir da experiência, desenvolveu interesse pelos temas da área econômica, nos quais trabalhou na Folha de São Paulo, Valor Econômico, Grupo Globo, dentre outros, até criar o MyNews com o publicitário e ator Antonio Tabet.

Tristezas não pagam dívidas

A jornalista identifica dois comportamentos que podem originar endividamento e desequilíbrio nas contas: “Você pode ser compulsivo, ou desorganizado. Quando você é compulsivo, tem um problema que precisa resolver, e há ajuda profissional, um tratamento. Mas quando é desorganizado, é com informação que você resolve isso. Que era o meu caso”, diz a jornalista. O curioso é que ela se ocupava de grandes questões nacionais, da renegociação da dívida externa, mas relaxava em suas contas pessoais: “Daí eu quebrei. Depois escrevi um livro sobre isso, Tristezas não pagam dívidas. Não sou uma pessoa compulsiva, era um problema de organização”, completa.

Falar de Economia foi um problema?

“Não, pelo contrário” – diz a jornalista. “Comecei a trabalhar na área na Gazeta Mercantil, cuja redação tinha muitas mulheres fantásticas. Fui treinada por gente de primeiríssima linha. Eu fui repórter da Angela Bittencourt. Ela tem um conhecimento profundo do mercado financeiro, de juros, de tudo. Nunca tive nenhum problema, na Gazeta Mercantil tinha muitas mulheres, trabalhei com elas. Fui treinada por mulheres que conhecem muito economia e finanças”, revela.

Inteligência financeira

Para Mara, inteligência financeira é sinônimo de informação financeira. “Inteligência financeira, para mim, é você não cair nessas promessas do tipo “fique rico rápido”, “não pague suas dívidas”, tem muita coisa assim”, diz. Mesmo que se cometam erros no começo, o importante é distinguir o que é bom do que não é. “A partir da informação verdadeira, sabendo diferenciar entre especulação e investimento, esse é o caminho a se seguir”, ensina.

Finanças pessoais e saúde mental

Para além das questões óbvias que a má gestão de finanças pode causar, há também as de saúde mental. “Eu vejo que vivemos num momento em que essas questões causam muita ansiedade, a falta de dinheiro, ou até mesmo o excesso de dinheiro, produzem ansiedade, causam prejuízos para a saúde mental”, diz Mara. Ela acha lamentável que algumas pessoas entreguem sua saúde em troca de questões financeiras, porque elas podem ser equalizadas, mesmo as dívidas. O que não se deve esquecer é: não existe fórmula mágica para enriquecer. “Você entregar saúde física e mental para esses planos mirabolantes de ficar rico rápido, isso é burrice financeira. Então, construir um caminho, isso sim é inteligência financeira”, finaliza.

Excesso de informação

Na área econômica, sobretudo em finanças pessoais, até meados dos anos 90 havia, relativamente, pouca informação. Hoje, ao contrário, há excesso de informação. “É isso, não havia transparência, não havia cobertura. Hoje, é justamente o inverso, um excesso de informação. E você tem que selecionar suas fontes”, indica. “Vi casos, gente que perdeu tudo, todas as economias, dinheiro de um trabalhador que era para comprar um apartamento, tudo perdido por fake news. Pode tirar sua saúde, seu dinheiro. Isso é muito grave.”, explica Mara.

Como ter dinheiro a vida toda

Esse é o título do livro mais recente da jornalista. “Basicamente, é um livro para você se planejar, para ter dinheiro a vida toda. Porque a gente vai viver muito neste século da longevidade, é um século do aumento da expectativa de vida, como você faz?”, questiona. “Se você fosse comprar todos os benefícios da previdência no mercado, custaria muito mais caro. Então, aqui (no livro) há muitas informações, como pagar a previdência, como ter um seguro-saúde”, revela a jornalista.

Momento econômico atual

“Vivemos num país que tinha inflação de 80% ao mês. Aí veio o Plano Real, que conseguiu trazer estabilidade monetária. Isso foi uma grande conquista do brasileiro”, acredita. Mara crê que, após essa estabilização e a redução dos juros, o grande desafio, agora, é a reindustrialização, e que é preciso abrir espaço para o novo ecossistema e as novas tecnologias. “Na época da pandemia, a gente não tinha produção de respiradores”, exemplifica. “Temos de ter um parque industrial. O agro é competitivo, mas não podemos viver só do agro. Temos de trazer outras coisas. É o grande desafio nacional”, completa.