O médico acusado de deixar uma paciente iraniana cega após submetê-la a cirurgia plástica na barriga, em 2021 se tornou réu pelo crime de lesão corporal, após a Justiça de São Paulo aceitar a denúncia do Ministério Público (MP). 

O caso foi revelado em setembro do ano passado em programa de televisão.

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O médico Renato Tatagiba, de 50 anos, responde ao processo em liberdade.

O MP acusou o cirurgião de lesão corporal por dolo eventual, quando se assume o risco de machucar alguém.

Conforme a denúncia, o cirurgião plástico deixou a executiva Shirin Saraeian, de 41 anos, sem a visão total do olho esquerdo e parcial do direito depois de passar por abdominoplastia e lipoescultura.

O procedimento foi realizado em 30 de abril do ano passado no Hospital Saint Peter, na Vila Clementino.

Naturalizada brasileira, a iraniana pagou R$ 60 mil pela operação feita pelo médico que conheceu pelas redes sociais.

Shirin ficou internada até 1º de maio, quando teve alta médica.

À reportagem do g1, a acusação contou que Shirin ficou cega devido a uma “neuropatia óptica isquêmica”, uma lesão dos nervos ópticos causada pela obstrução do suprimento de sangue.

Ainda conforme os advogados, o quadro é irreversível.

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Perícia

O laudo pericial do Núcleo de Clínica Médica do Instituto Médico Legal (IML) concluiu que a falta de circulação sanguínea ocorreu em razão de uma “anemia aguda”.

Para os peritos, o doutor Tatagiba não diagnosticou essa condição porque teria deixado de dar assistência médica adequada a vítima. 

O IML entendeu que há ligação entre a cirurgia plástica feita pelo médico em Shirin e a cegueira que surgiu após o procedimento. 

Justiça

A Justiça de São Paulo não atendeu o pedido do Ministério Público para que Renato Tatagiba tivesse o registro médico suspenso.

Além da esfera criminal, a iraniana entrou com pedido de indenização por danos materiais e morais contra o médico em razão da cegueira irreversível que ficou após ser operada por ele.

O advogado Paulo Mariano de Almeida Júnior pede que a Justiça condene o cirurgião a pagar R$ 1,3 milhão a sua cliente, mais pensão mensal vitalícia a ela.

O médico

Renato Tatagiba tem mais de 164 mil seguidores no Instagram.

Conforme apuração do programa Fantástico, o profissional responde a pelo menos 47 processos por erros médicos em pacientes em São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais e Bahia.

A Justiça do Espírito Santo condenou Tatagiba a pagar mais de R$ 130 mil de indenização por erro médico a uma paciente que em 2009 havia feito cirurgia plástica com ele para colocação de silicone nos seios.

Ao g1, o advogado de defesa, Celso Papaleo, disse que seu cliente é inocente da acusação de erro médico contra Shirin e que não irá comentar detalhes do processo, que tramita em segredo de justiça.