O ex-presidente Michel Temer confirmou na tarde desta quinta-feira, 9, que foi ele o responsável pelo esboço da “Declaração à Nação” divulgada pelo presidente Jair Bolsonaro.

Em entrevista à TV Band, Temer explicou que o presidente Jair Bolsonaro fez apenas “uma pequena observação” no texto.  

A carta possui 10 pontos e foi publicada no site do Palácio do Planalto e no Diário Oficial da União.

Na declaração, Bolsonaro afirma que suas palavras se decorreram “do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum”.

Telefonemas e almoço

O ex-presidente disse que recebeu telefonema de Bolsonaro na noite de quarta-feira, 8.

“O presidente havia me telefonado ontem para trocarmos ideias sobre a situação do país. Eu fiz ponderações. Depois tive a oportunidade de dar uma palavra com o ministro Alexandre de Moraes e verifiquei que ele não tem absolutamente nada pessoal contra o presidente nem contra ninguém”, explicou Temer.  

“Mais tarde, o presidente me ligou, por volta das 23h, e conversamos mais. Falei que era preciso pacificar o país, que o estilo ideal seria uma obediência à harmonia entre os Poderes, às decisões judiciais… e dar uma palavra de tranquilidade. Hoje de manhã me ligou e perguntou ‘você pode vir almoçar?’ Eu vim e trouxe o esboço da declaração. Submeti a ele nesse almoço, e ele disse que faria apenas uma observação”, afirmou.  

Temer não explicou qual seria a mudança feita por Bolsonaro no esboço.  

“O resultado foi essa nota divulgada. Penso que causa uma boa repercussão. Penso que ele se convenceu definitivamente de que esse é o melhor caminho.

Michel Temer revelou que Bolsonaro já pediu apoio a ele outras vezes, mas que neste momento a surpresa foi maior, já que o país vive um “clima de tensão e preocupação”, especialmente depois das manifestações do dia 7 de setembro. 

A carta

Leia abaixo à íntegra do texto intitulado ‘Declaração à Nação’ divulgado por Bolsonaro.

Declaração à Nação

No instante em que o país se encontra dividido entre instituições é meu dever, como Presidente da República, vir a público para dizer:

1. Nunca tive nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes. A harmonia entre eles não é vontade minha, mas determinação constitucional que todos, sem exceção, devem respeitar.

2. Sei que boa parte dessas divergências decorrem de conflitos de entendimento acerca das decisões adotadas pelo Ministro Alexandre de Moraes no âmbito do inquérito das fake news.

3. Mas na vida pública as pessoas que exercem o poder, não têm o direito de “esticar a corda”, a ponto de prejudicar a vida dos brasileiros e sua economia.

4. Por isso quero declarar que minhas palavras, por vezes contundentes, decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum.

5. Em que pesem suas qualidades como jurista e professor, existem naturais divergências em algumas decisões do Ministro Alexandre de Moraes.

6. Sendo assim, essas questões devem ser resolvidas por medidas judiciais que serão tomadas de forma a assegurar a observância dos direitos e garantias fundamentais previsto no Art 5º da Constituição Federal.

7. Reitero meu respeito pelas instituições da República, forças motoras que ajudam a governar o país.

8. Democracia é isso: Executivo, Legislativo e Judiciário trabalhando juntos em favor do povo e todos respeitando a Constituição.

9. Sempre estive disposto a manter diálogo permanente com os demais Poderes pela manutenção da harmonia e independência entre eles.

10. Finalmente, quero registrar e agradecer o extraordinário apoio do povo brasileiro, com quem alinho meus princípios e valores, e conduzo os destinos do nosso Brasil.

DEUS, PÁTRIA, FAMÍLIA

Jair Bolsonaro

Presidente da República Federativa do Brasil

 

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