Circula nas redes sociais um vídeo que mostra o constrangimento que o mototaxista Alex Silva Pereira, de 33 anos, passou dentro de um supermercado do Rio de Janeiro.

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O mototaxista alega que foi alvo de racismo e preconceito por parte dos seguranças após ter comprado picanha no Guanabara da Penha.

O caso aconteceu na manhã do dia 31 de dezembro de 2022. Ele contou que as imagens não mostram a abordagem que sofreu dos seguranças.

“Chegaram segurando na minha capa de chuva, entendeu? Levantando e falando pra mim: ‘Tira pra fora o que você roubou lá dentro, rapaz, o que tá debaixo da sua roupa aí? Vambora, a câmera já mostrou tudo!’. Aí eu falei: calma aí, cara, não é dessa forma não, bom dia”, disse Alex.

Apesar de ter a nota fiscal com a descrição dos itens e o valor da compra de R$ 366,87, o mototaxista afirma ter certeza de que foi alvo de preconceito.

O valor foi pago em duas partes, uma em dinheiro e outra em cartão de débito. Tratava-se de uma vaquinha, feita com os colegas do ponto de mototáxi para o churrasco de fim de ano.

Alex, no entanto, nem teve tempo de mostrar que estava com a nota fiscal.

“Por eu ser da comunidade, eu acho que sim, isso conta muito. Nós somos muito destratados pela nossa aparência. Estou revoltado, tô indignado com isso, cara. Não estou conseguindo trabalhar, aonde eu passo, as pessoas perguntam: ‘o que você estava roubando lá, cara?'”

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Mototaxista processou o supermercado

Alex conta que processou o supermercado porque se sentiu constrangido. Mesmo com toda a repercussão do caso nas redes sociais, diz que não recebeu nenhum apoio da empresa.

“Ninguém me deu um tipo de apoio, uma desculpa, um perdão, foi um mal entendido, entendeu? Foi isso que mais me indignou” , lamentou.

Uma indenização para reparar os danos foi pedida pelo advogado que representa o mototaxista, além disso, pede que o supermercado peça desculpas públicas pelo constrangimento do cliente.

“O racismo carrega esse estigma, de você ser negro, pobre, morar em comunidade, e se entende que a pessoa seria um criminoso”, afirmou o advogado, Gilberto Santiago.

‘Eu não quero ser tratado dessa forma, porque eu procuro andar certo. Eu tenho dois filhos, um de 9 anos, um filho de 3 anos, me perguntaram: ‘Esse vídeo aí, papai, o senhor estava roubando carne?’ , disse Alex.

O que diz o supermercado

Conforme o supermercado, os seguranças não pediram que o cliente retirasse a roupa durante a abordagem, prática ilegal e vedada pela Constituição Federal.

No entanto, como os funcionários não pediram a nota fiscal ao cliente, o Guanabara os demitiu por não seguiram as regras de verificação adotadas pela empresa.

A rede reitera que repudia e não tolera nenhuma forma de discriminação.

Veja o vídeo:

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