O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) desembarcou pela primeira vez em Manaus para um evento com aliados bolsonaristas. O encontro que aconteceu neste sábado (23), reuniu políticos e eleitores da direita numa palestra sobre ‘O Cristão e a Política’ no Centro de Convenções Vasco Vasques, na zona centro-sul da capital amazonense.
Nikolas falou sobre a relação do cristão no contexto político e destacou assuntos conservadores como o aborto, educação e a liberdade de ideias. Os temas foram pautados na polarização entre a direita e esquerda no país e suas influências no cotidiano da sociedade.
“Nós precisamos persistir. A gente quer um país diferente e o povo cristão pode fazer essa mudança acontecer”, falou durante a palestra.
Nikolas Ferreira sobe ao palco; veja:
Entre os políticos presentes no evento estiveram o pré-candidato à prefeitura de Manaus, o deputado federal Alberto Neto (PL-AM), pré-candidato à vereador Chico Preto (PL-AM), ex-candidato ao senado Alfredo Menezes (PL-AM) e a deputada estadual Débora Menezes (PL-AM) e o vereador Carpê Andrade (Republicanos-AM).
Para o vereador Capitão Carpê (Republicanos-AM) receber uma das maiores lideranças da direita no Brasil em Manaus tem o objetivo de tentar motivar os jovens e a população para falar de política e se posicionar.
“Eu concordo com o deputado Nikolas no sentido de que religão e política até então não queriam se misturar, mas eu acredito que precisa sim porque o cristão também é cidadão e precisa saber se posicionar para não ter que aceitar aquilo que é imposto”, disse.
Visita estratégica
A visita de Nikolas Ferreira teve como estratégia fortalecer o viés conservador no Amazonas e acenar apoio do Partido Liberal ao deputado federal Alberto Neto que recebeu o aval do ex-presidente Bolsonaro para ser pré-candidato à Prefeitura de Manaus.
“É projeto não somente do Bolsonaro, mas de toda a direita fazer prefeituras e vereadores por todo o Brasil. Hoje aqui pra mim é uma satisfação muito grande estar em Manaus com o pré-candidato (Alberto Neto) e também a deputada estadual Débora Menezes. Com certeza vamos levantar muita gente pelo Brasil inteiro”, comenta Nikolas.
Segundo o cientista político Davidson Cavalcante que marcou presença no encontro, Manaus é uma das maiores bases bolsonaristas do país depois de Florianópolis-SC.
Entretanto, a capital vive um momento delicado para as lideranças de direita após o lançamento da pré-candidatura de Alberto Neto pelo PL, sem a presença de Menezes que pode anunciar sua saída do Partido Liberal a qualquer momento.
“A gente sabe a força que o eleitorado de Manaus tem e, o Nikolas, quem goste ou não, é um fenômeno de votos. Não sei se será o suficente para fazer com que a direita local realmente se una e isso tenha resultados nas eleições municipais deste ano”, argumentou.
Um ponto que chamou atenção no evento foram os poucos jovens na palestra, uma vez que, Nikolas, exerce grande influência nas redes sociais, principalmente, entre a juventude. Na opinião do cientista político esse fator é visto como um saldo negativo para a direita.
“Eu vejo que tem um movimento muito grande da direita amazonense, de pré-candidatos, mas senti mais falta da juventude do que de outros membros de mais idade que vieram prestigiar a palestra. Isso é um elemento que deve se pesar, principalmente, para que os jovens possam se engajar politicamente, seja direita ou esquerda”, avalia.
Outras pautas abordadas
Ainda durante a passagem do deputado no evento religioso, ele conversou com a imprensa e comentou a respeito de outros assuntos em pauta política.
Sobre falas e críticas direcionadas à educação, Nikolas reforça a necessidade de mudanças na maneira como o ensino tem sido tratado no país e questiona o desempenho de métodos que não servem mais na atual realidade escolar.
“Quem não tecer críticas à educação hoje não entende nada sobre educação até mesmo porque a gente (Brasil) ocupa os piores rankings. Fui eleito presidente da Comissão para poder mudar essa realidade. É impressionante que pessoas ainda queiram insistir num método, por exemplo, de ensino que nunca deu certo em lugar nenhum e só aqui no Brasil passa governo entra governo e a nossa educação continua da mesma forma. Então é claro que vou tecer críticas à educação do nosso país”, falou.
Confira chegada na coletiva:
Em relação à ideologia de gênero ser empregada no ambiente escolar, o deputado que é presidente da comissão da educação informou que tem outras prioridades.
“Nós temos prioridades que é a alfabetização, educação financeira, temos a dificuldade hoje da questão da evasão escolar. Essa pauta (ideologia de gênero) não somos nós os direitistas que levantamos ela. Nós somos reativos. Somos contrários porque é trazido pela esquerda para dentro da escola”, ressaltou.
O deputado também falou a respeito do papel da Comissão de Educação no Amazonas. A região abriga o maior número de população indígena do país e sofre com a falta de escolas voltadas para as etnias mesmo com recursos enviados pelo Governo Federal.
“O que nós temos é o papel de direcionar audiências públicas para poder aumentar o diálogo e o debate sobre os temas sensíveis e direcionar relatorias para Projetos de Lei. Então, alguns projetos precisam vir dos deputados ou mesmo de minha própria autoria para poder tratar a respeito disso. Agora, quem deveria estar cuidando dos indígenas é o próprio governo federal, mas as mortes dos Yanomamis já ultrapassaram recordes do ano passado. A gente precisa olhar para quem é o poder executivo quem não sou eu é o governo Lula”,
Na coletiva de imprensa, Nikolas respondeu ainda assuntos relacionados ao ex-ministro da saúde, Pazuello, que virou réu pelo Supremo Tribunal Federal por conta da crise do oxigênio no Amazonas no ápice da pandemia durante o governo Bolsonaro.
“Eu acredito com relação à pandemia e tudo que se envolveu, acho que deve ter um julgamento justo com ampla defesa e hoje no Brasil a gente vê que infelizmente isso não está acontecendo. Nós temos pessoas do crime organizado sendo liberadas no nosso país enquanto nós temos pessoas que foram, entre aspas, envolvidas em um golpe sendo condenadas a 16 anos. Qual corrupto está preso hoje no Brasil? Tem que ser muito inocente ou mau-caráter para acreditar que não há perseguição política contra os aliados do Jair Bolsonaro”, finalizou.