O desenvolvimento do fitoterápico à base de Bellucia dichotoma (fruta amazônica conhecida como goiaba-de-anta) pretende combater danos causados por veneno de cobra.

O remédio será usado como anti-inflamatório e deve bloquear as reações edematogênica, provocadas pelo veneno de Bothrops atrox (serpente jararaca-do-norte).

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Segundo a coordenadora do estudo, a bióloga e professora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Maria Cristina Sampaio, a formulação do fitoterápico já está concluída.

O remédio será uma substância efervescente para ser tomada diluído em água, com ação eficaz contra dor intensa, edema, bolhas, equimose e necrose muscular, antimicrobiana e, principalmente, para evitar a amputação do membro afetado pelo veneno da serpente.

O estudo buscou propor uma fórmula que pudesse ser utilizada como coadjuvante à soroterapia para diminuir os danos teciduais locais produzidos pelo envenenamento botrópico.

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Doutora em Imunologia, a pesquisadora destaca que o soro utilizado no Brasil para acidentes com jararacas neutraliza com bastante eficácia os efeitos sistêmicos causados pelo veneno, mas não impede os efeitos locais, deixando desta forma a porta aberta para complicações e sequelas no membro atingido.

“Nossa proposta foi preparar a formulação de um fitoterápico baseado no conhecimento e uso da planta (goiaba-de-anta) pela população tradicional, validando a planta como antiofídica, para que a indústria farmacêutica possa elaborar o remédio e distribuir à população”, completou.

O projeto conta com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).

Início 

A pesquisa começou a ser desenvolvida na Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) a partir de uma tese de doutorado das pesquisadoras Valéria Mourão de Moura e Luana Travassos.

Após um levantamento de plantas utilizadas como antiofídicas pela população com a obtenção de diversas informações do uso tradicional, o estudo terminou na Ufam com a colaboração de vários professores do curso de Farmácia, em parceria com a Fiocruz e Fapeam, sob a coordenação de Maria Cristina Sampaio. 

Números

Conforme a pesquisa, no Brasil, os números registrados pelo Ministério da Saúde mostram que ocorrem em média 26 mil casos/ano de acidentes ofídicos, sendo a maior incidência na Amazônia brasileira (52,6 casos/100 mil habitantes).

Os números podem ser ainda maiores devido às subnotificações existentes nessa região, especialmente devido às longas distâncias a serem percorridas entre os locais dos acidentes e o atendimento médico especializado. 

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