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Norte Entrevista: Senador Plínio Valério diz que o fim da CPI das ONGs não encerra a missão de libertar povos da Amazônia

O senador Plínio Valério (PSDB-AM), em entrevista ao Portal Norte, disse que mesmo com o fim da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das ONGs, o trabalho para libertar os povos da Amazônia do controle impositivo dos órgãos ambientais vai continuar.  

Plínio, que presidiu a Comissão em 2023, disse que a CPI abriu a discussão em torno dos problemas que acometem as comunidades indígenas e a população da floresta.

A CPI investigou a ação das ONGs e, segundo Plínio, revelou que as Organizações financiadas por fundos internacionais e governos europeus e americanos foram utilizados para isolar a Amazônia e explorar as populações originárias, confundindo preservação da cultura com miséria e sem melhoria da qualidade de vida desses povos.

“Eles querem dar o dinheiro, mas continuar determinando para que. Eu te dou o dinheiro, mas tem que fazer isso com o dinheiro. Minha mulher, olha o dinheiro está aqui, mas olha não compra bolsa não, vai ter que comprar o rancho. Então, a gente vai ter essa luta porque nós queremos o fundo Amazônia democrático”.

Plínio destacou que vai trabalhar para que o fundo chegue, não ao guardião tutelado, mas sim ao guardião da floresta, que mora na fronteira, no”meio do mato” e que não tem assistência.

Veja a entrevista completa:

BR-319 travada

“Nós precisamos dessa estrada e a Marina disse pra gente lá na CPI que a gente quer uma estrada para passear de carro. Eu disse para ela: se derrubar uma só árvore nesses 820km eu largo o meu mandato. Eu renuncio porque o que vocês fazem, eu disse a ministra, é um terrorismo. Quando ela fala ‘vai impactar’, vai impactar no entorno, não mais no trajeto”.

Plínio diz que a estrada não é de responsabilidade do governo anterior e que, até hoje, está “contando os mortos”. Ele relembra que carros, que transportavam oxigênio, vindos de Porto Velho (RO), atolavam e com a demora morreram centenas de pessoas.

“E querem jogar tudo isso nos ombros do governo estadual, do ex-presidente, mas na realidade se nós tivéssemos estrada teria chegado o oxigênio”.

Segundo Plínio, as ONGs ambientalistas travam a recuperação da BR-319 e emitem pareceres contrários a obra.

“O orgulho e a soberba dessa gente que não tem respeito por nós, e eu também não tenho por eles, eu os combati e vou continuar combatendo, mas a luta é árdua. Eles tomaram conta da Amazônia, eles mandam na Amazônia porque mandam no ICMbio, na Funai, no Ibama e no ministério; e tem parte do judiciário de plantão”.

“Nós temos que lutar pelo nosso direito de ir e vir, que é o principal, é o resgate da nossa cidadania e também ter um outro modelo de transporte terrestre que não seja só o fluvial, que é muito caro e demorado”.

De acordo com Plínio, o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) está analisando a licença prévia, concedida pelo Ibama, ainda no governo passado, para pavimentação da BR-319. Além disso, um grupo do ministério da Infraestrutura e Desenvolvimento Regional estuda o caso.

“Estão prometendo para 2027 e nós não vamos deixar barato. Vamos estar sempre em cima. O nosso objetivo, eu não nego pra ninguém, é desgastar a Marina (ministra do Meio Ambiente). Como é que nós vamos desgastar a Marina? mostrando que é uma enganação o que ela faz e o que ela pratica”.

Mancomunados em Terra Yanomami

Ao ser questionado sobre a visita da comitiva do Governo Federal, no início do mês, em Terras Yanomami em Roraima, sem o conhecimento do governador do estado, Antônio Denarium, Plínio disse que, mesmo com livre arbítrio, houve falta de respeito e que Instituições estão mancomunadas.

“Entrar em um território e não comunicar o governador é uma falta de respeito. Eles não respeitam senador, governador, deputado federal, deputado estadual, vereador e prefeito. Eles não têm a menor consideração. Eles acham que podem entrar, e podem, porque as instituições que deveriam fiscalizar, tomar conta, participam disso, concordam com isso. Um ongueiro, dirigente de ONG, pode entrar em qualquer aldeia. Nós senadores para ir a Pari Cachoeira tivemos que preencher um relatório da Funai até o momento que meu saco estourou”.

Fizeram parte da comitiva, as ministra do Meio Ambiente, Marina Silva; dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara; o ministro Silvio Almeida, dos Direitos Humanos e a presidente da Funai, Joênia Wapixana. Denarium disse que só teve conhecimento da visita quando a comitiva já estava em terras indígenas.

“A gente tem que gritar, essa gente se acha superior, vai lá, não dá satisfação a ninguém e vai mentir, dizer que está tudo bem. Os Yanomamis estão morrendo já faz tempo”.

Amazônia custa caro

“O mundo deles é esse de que está tudo bem, que eles são bonzinhos, que são altruístas, e que essas ONGs prestam serviço e têm que salvar o planeta, mas o preço para se manter a Amazônia intacta é muito caro, custa a todos nós da Amazônia e custa muita fome”.

Plínio afirmou que na Amazônia existe hoje dez milhões de lares sem condição de comprar uma cesta básica e que morre mais de mil crianças por dia.

O senador disse também que contemplou 62 municípios do Amazonas através de emendas parlamentares, somando R$ 310 milhões de reais destinado a todo o estado e R$ 7 milhões às comunidades indígenas.

Senador

Plínio Valério é senador da República, foi eleito com 834.809 votos amazonenses. É o atual Ouvidor-Geral do Senado Federal e presidente do PSDB no Amazonas. Também é jornalista e radialista. Recebeu prêmio de melhor senador do Amazonas no ranking excelência parlamentar 2023 e, pela quinta vez, foi eleito o melhor parlamentar do Amazonas pelo ranking dos políticos.

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