Rodrigo Kappel Castilho, presidente da Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP), é o convidado do Norte Entrevista desta segunda-feira (29).

Na conversa, o médico paliativista fez uma análise do cenário brasileiro na especialidade, que tem por objetivo dar qualidade de vida e conforto aos pacientes com necessidade de alívio do sofrimento.

Assista à entrevista:

De acordo com o Atlas de Cuidados Paliativos, divulgado no fim de 2023, em três anos, houve um crescimento de 18,3% das unidades especializadas no país. No entanto, o número é insuficiente para atender a todos que precisam. Em 2019, eram 191 unidades. O ano de 2022 encerrou com 234.

A Associação Europeia de Cuidados Paliativos, autoridade no tema, orienta dois serviços especializados para cada 100 mil habitantes. O Brasil tem uma unidade para cada 1,6 milhões. Ou seja, 32 vezes menos do que o recomendado.

A Região Sudeste conta com o maior número de serviços, totalizando 98. Em seguida, o Nordeste, com 60. A Região Sul tem 40 serviços. O Norte possui oito e o Distrito Federal, 16.

No começo deste ano, O Conselho Nacional de Saúde aprovou a criação da Política Nacional de Cuidados Paliativos (PNCP) no Sistema Único de Saúde (SUS). A medida dá início à estruturação do serviço em todo o país.

DESTAQUES DA ENTREVISTA:

Importância dos cuidados paliativos

“A pessoa que recebe cuidados paliativos precocemente, além de ter melhora da sua experiência física, emocional, espiritual, social, elas vivem mais”.

Tabus

“Existe uma resistência quando se fala em cuidado paliativo, até por causa da palavra. Paliativo vem da ideia, em Português, de ser uma gambiarra, um jeitinho, mas não. Cuidado paliativo vem do termo latim ‘pallium’, que era um manto usado pelos guerreiros pra se protegerem das intempéries. Ou seja, aquele cuidado protetor diante de situações de risco de vida.”

Situação do Brasil

“De 81 países, em relação à qualidade de morte, o Brasil está em 79º lugar. Então, com a criação da Política de Cuidados Paliativos, a melhoria da educação da população, com a capacitação dos profissionais que já atuam na saúde, só assim pra gente mudar essa realidade”.