Com uma década de dedicação à música, o cantor Uendel Pinheiro tem se firmado como uma das principais vozes de sucesso no Norte do Brasil, conquistando admiradores ao longo de sua carreira.
Natural de Óbidos, no Pará, Uendel sempre foi um admirador de samba e pagode, tanto que já se destacava participando de grupos musicais na época da escola.
Em 1999, o cantor se mudou com sua mãe para Manaus e foi morar no bairro Praça 14, considerado por muitos o berço do samba amazonense.
Dali em diante, iniciou uma história de sucesso, que o consagrou como um dos cantores de pagode mais solicitados do cenário musical amazonense.
Em uma entrevista ao Portal Norte, Uendel compartilhou sua jornada de alegrias e realizações em uma carreira musical em constante ascensão.
Além do samba e do pagode, Uendel demonstra seu amor pelo Boi-Bumbá, defendendo com fervor a riqueza cultural local e buscando sempre valorizar as tradições da Região Norte.
O cantor também falou sobre seu mais recente trabalho, “Uendel Pinheiro ao Vivo em Manaus 2”, que conta com participações especiais de renomados artistas nacionais, como Chrigor, Maurício Matar e Bruno, do Jeito Moleque.
Durante a entrevista, Uendel destacou os momentos de alegria e satisfação em sua carreira, ressaltando o lançamento de seu novo álbum como um marco significativo em sua jornada musical.
Ele também compartilhou as dificuldades enfrentadas no início de sua carreira como cantor, especialmente a luta contra a preferência cultural por artistas estrangeiros em detrimento dos talentos locais.
Uendel enfatizou a necessidade dos artistas locais utilizarem estratégias diferenciadas para se destacar em um mercado musical diversificado e dinâmico.
O cantor destacou seu projeto “Deu Samba Na Toada”, uma iniciativa que une o samba e o pagode com a rica tradição da toada do Boi-Bumbá, demonstrando seu compromisso em promover e preservar a cultura regional.
Destaques da entrevista:
Carreira de Uendel Pinheiro
“Eu vivo um momento extremamente feliz. Minha carreira tem tido uma crescente significativa. Acabei de lançar um novo trabalho, Uendel Pinheiro ao vivo em Manaus 2, com várias participações nacionais maravilhosas, como o Chrigor, como o Maurício Matar, como o Bruno, do Jeito Moleque… Os shows em média de 30, 40 por mês, as viagens, os números sempre crescendo. Então, me sinto realizado nesse momento, em relação à minha carreira”.
Como iniciou pela paixão pela música?
“O início foi meio natural, eu só gostava, morava na Praça 14, era envolvido com a Vitória Régia, a Escola de Samba. Todo aquele contexto geográfico-musical que ali tinha. Comecei a tocar pandeiro, depois comecei a aprender a tocar cavaquinho. Me mudei para o bairro Praça 14, outro bairro um pouco mais distante, que era o São José. Eu estudava no centro, então o ônibus passou a ser a minha escola, porque eu vinha tocando cavaquinho, tocando pandeiro, do bairro até a escola, da mesma forma na volta. Comecei a entrar nesse globo ocular do samba, começa ali, minha história de músico, depois como cantor, enfim, em 2024 a gente está completando dez anos de carreira como cantor, quase vinte anos na noite, feliz pelas escolhas que eu tive na vida”.
Dificuldades no início da carreira musical
“Como músico, até então era maravilhoso, porque é muito mais confortável você ser coadjuvante artístico. Como cantor foi mais difícil, porque culturalmente, eu não sei por qual motivo o nosso povo gosta mais de valorizar o que vem de fora. Mas eu entendo também que por não há tanta referência em casa, a gente acaba sendo o réu disso. A gente vem tentando quebrar isso justamente para que esse cenário possa mudar um pouco e isso me faz ajudar muito a galera que está começando, que vem pedir orientação”.
Desafios de ser um cantor do Norte
Vivemos em uma região geográfica um pouco diferente do Brasil como um todo. Eu costumo dizer que fazer música no Amazonas, em Manaus, é diferente do resto do país. O resto do país movimenta-se diferente.
“No Sudeste ou no Sul, no Nordeste, o artista precisa incessantemente, por exemplo, do rádio, aqui já é um pouco inverso. A gente consegue trabalhar de outra forma, aqui, por exemplo, o meu seguimento que é o samba e o pagode, é o estilo musical que não é popular no interior, então são desafios maiores do que se você está tocando samba no Rio, ou no Nordeste, ou em São Paulo”.
Mercado musical em Manaus, região e no país
O mercado que gira no Norte, é diferente do que gira no resto do país, por exemplo, no país você tem uma rotatividade de lançamentos muito mais rápida do que em Manaus, ou na Região Norte.
“Então o mercado ficou muito cheio de ramificações, tem artistas que são fortes digitalmente e não vendem ingresso, tem artistas que vendem muito ingresso e não conseguem ter streaming suficiente”.
O artista do Norte precisa ter mais estratégias para se destacar no mercado?
“Gostamos de ser artistas covers, que gostam de cantar músicas dos outros colegas de trabalho. Artistas no resto do país como um todo, eles pensam em carreira, em divulgar a música autoral, em colocar a música própria, em tocar no rádio, em tocar nas plataformas digitais. Nós temos a cultura errônea de não levar a nossa própria música. Não são todos, eu já começo a fazer isso há algum tempo, tenho colegas de trabalho também que já pensam dessa forma, mas, em geral, a cultura dos artistas no Brasil é essa, propagar o seu próprio trabalho e, em geral, a nossa cultura é propagar o trabalho dos colegas de trabalho. Então isso tem que mudar”.
DVD Uendel Pinheiro em Manaus 2
“O projeto chamado Uendel Pinheiro ao Vivo em Manaus 2, parte 1, já está disponível, são 35 minutos de música, regravamos várias canções e colocou algumas inéditas, com a participação de Mauricio Matar, Chrigo e Bruno Diegues, é um trabalho que está nas plataformas digitais e no YouTube, então estou muito feliz com o resultado absurdamente grandioso, os números são impressionantes, são orgânicos”.
Música nova preferida
“Tem uma música autoral chamada “Me Ama”, uma composição minha com Renan Fiori e Flávio Régis. É uma música que é inédia. A galera está colocando nas redes sociais compartilhando, “Me Ama” é uma música que tá em todas as plataformas digitais.
Relação com o Boi-Bumbá
“Eu sempre fui apaixonado pelo Boi-Bumbá, pela toada, desde o Carrapicho, desde Arlindo Junior e o Canto da Mata, e tantos outros artistas que fizeram muito sucesso, principalmente no final da década de 90.”
“Eu sou cantor de samba, de pagode, sou completamente apaixonado pelo meu segmento e percebi que também poderia unir as coisas. Então, eu passei a fazer uns projetos chamados “Deu Samba Na Toada”. Regravei a música “O Amor Está no Ar”, uma canção, uma toada de Chico da Silva, em forma de samba que viralizou, foi a mais escutada da região norte em 2018 nas plataformas digitais, e assim, passei a escrever para o Boi-Bumbá, virei compositor, sou compositor há quatro anos seguidos do Boi-Bumbá Caprichoso, tenho carinho gigante pelo Boi-Bumbá Garantido, sou muito bem recebido, muito benquisto também por eles e defendo a nossa cultura, falo isso pra todo mundo”.