Ao longo de 28 anos, Derico Sciotti foi um dos músicos dos programas de entrevistas de Jô Soares no SBT e na Globo. Em conversa com o Norte Entrevista, ele fala da vida, da carreira e de projetos.
A música em sua vida
Derico cresceu numa família de músicos, sobretudo, de pianistas. Sua mãe, Mercedes Mattar, ainda toca piano aos noventa e quatro anos de idade. Um de seus tios foi o famoso pianista e concertista de renome internacional Pedrinho Mattar (1936-2007). Com cerca de um ano de idade, Derico já assobiava músicas.
“Aos cinco anos me encantei com uma flauta doce que tenho até hoje, e acabei me especializando em instrumentos de sopro numa família quase só de pianistas.”
O que fazia antes de trabalhar na TV
Derico começou a ensinar música ainda na adolescência, sob orientação de dona Mercedes, que criou a Escola ArtLivre, em São Paulo. Também estudava de manhã e trabalhava com música na noite, em boates, gafieiras etc. Gostava muito de História e chegou a pensar em ser arqueólogo ou historiador.
“Minha rotina era estudar muito, coisa que sempre gostei de fazer, ensinar música à tarde e trabalhar como músico na noite, começando por volta de nove da noite e terminando lá pelas quatro da madrugada.”
Jô Soares Onze e Meia
O maestro Edmundo Vilani-Côrtes era quem dirigia o quarteto no programa “Jô Soares Onze e Meia”, que começou a ser exibido em 1988, pelo SBT. A pedido do Jô, o maestro procurou um saxofonista para integrar o conjunto.
“O filho dele, Ed Côrtes, tocava saxofone, mas tinha outros planos, não quis trabalhar na TV e me indicou. Fui para o que achava que seria um teste, mas era já a primeira gravação. No mesmo dia, minha esposa estava no hospital em trabalho de parto. Isso foi numa segunda-feira. Até aquela manhã, estava desempregado e não tinha filhos. No dia seguinte, tinha emprego fixo e já era pai.”Assessor para assuntos aleatórios
O músico ficaria conhecido também por dar palpites divertidos nos programas de entrevistas de Jô Soares. Isso começou quando Jô, na abertura de um dos programas, falou de uma cerveja estrangeira cuja fabricação havia sido proibida no Brasil.
“Por acaso tinha visto a cerveja no dia anterior, e meu irmão comentou que ela estava proibida por ferir a lei ambiental. Quando Jô falou dela e que não entendia o motivo da proibição, fui ao microfone e disse “eu sei”, e expliquei. A plateia aplaudiu e a brincadeira, como se diz, pegou. Depois o Jô me disse: “Mesmo que você não saiba a resposta ao que eu lhe perguntar, nunca diga “não sei”, diga o que lhe vier à cabeça”. A coisa fez tanto sucesso que até hoje me apontam e dizem “olha lá o Assessor para Assuntos Aleatórios” do Jô.”Trabalhar com Jô Soares
De 1989 a 2016, no SBT e na Globo, Derico trabalhou no “Jô Soares Onze e Meia” e no “Programa do Jô”. Para o músico, além do reconhecimento, o período representou inestimáveis aprendizados de vida e de profissionalismo.
“Jô era muito exigente, até porque era exigente com ele mesmo. Então, todo o entorno dele era feito de muito profissionalismo. Mas também havia muita generosidade e companheirismo dele para conosco, em vinte e oito anos a equipe que fazia o programa mudou muito pouco.”
Projetos
Quando o programa de entrevistas terminou, em 2016, Derico resolveu investir em seus projetos pessoais.
“Antes de terminar o programa já pensava no Derico Music Truck, que leva música para o país todo em cima de um caminhão. Consegui realizá-lo e estou muito feliz com os resultados. As pessoas me reconhecem nas ruas, em todos os lugares, é gratificante. Atendo empresas, faço casamentos e também dou palestras para crianças e jovens falando da minha história e de empreendedorismo na música.”