Nascido em Cabinda, Angola, o luso-brasileiro Nuno Mindelis é um dos maiores guitarristas de blues do planeta. A consagração veio quando a revista Guitar Player o escolheu como melhor guitarrista de blues. Nuno também tocou com gente famosa, como a Double Trouble – banda de apoio de Stevie Ray Vaughan – e Duke Robillard. Confira no Norte Entrevista.
A infância na África e o início na música
Até 1976, Nuno já afirmou ter ouvido literalmente toda a música que rolava no planeta. No entanto, com a guerra civil no país e o subsequente exílio, teve que fazer uma pausa forçada nessa área.
“Nasci em Angola, filho de portugueses no exílio. A música sempre foi algo natural. E eu tinha acesso a tudo, como os discos de Otis Redding e Steve Cropper, da Stax.”
A gravação com a Double Trouble, de Stevie Ray Vaughan
“Foi um divisor de águas. Ouviram meus discos nos EUA, e surgiu o convite para gravar com a banda do Stevie Ray. Daí nasceu meu disco Texas Bound, uma experiência inesquecível.”
As novas tecnologias, softwares e equipamentos
“Não sou contra o avanço da tecnologia, não vou chorar a morte do LP e do CD. Mas sou conservador quanto aos timbres: para mim, é uma boa guitarra, um amplificador valvulado, e é isso.”
Feeling e técnica dos músicos de blues
“Tem muito guitarrista tecnicamente bom, mas que não me diz nada. O blues exige essa legitimidade de sentimento, de entrega emocional. Ou não me tocam.”
Recomendações para os neófitos no blues
Apesar de não dispensar a tecnologia nem subestimar músicos de gerações mais recentes, Nuno Mindelis é radical quando se trata de recomendar o que ouvir: os clássicos.
“Ouvir os clássicos, Muddy Waters, Jimmy Reed, Howlin’ Wolf. As gravações da Chess Records
para trás.”
Nuno Mindelis: uma biografia romanceada
Em 2020, Nuno Mindelis lançou o livro “Por Que Não Sou Um Bluesman: Seis Mil Anos”. A obra, ficcional mas baseada em sua vida, traz o guitarrista incorporando quatro personagens distintos em épocas também distintas, da diáspora de uma guerra que o mundo esqueceu e das agruras de um exílio sem volta à sua infância de sonho. A perda de tudo e o recomeço em países distantes, com os seus choques e a chegada ao Brasil, os primeiros contatos com a aspereza, a impessoalidade e o gigantismo de São Paulo. Nuno Mindelis é Mintcho, Martim, Macedo e um narrador na primeira pessoa. A despeito do drama que cerca a história de qualquer exilado, o humor é elemento presente no livro. *
*Texto adaptado do link imediatamente acima, da Amazon.