A dubladora Beatriz Meinberg, conhecida por dar voz à deusa Freya em God of War, concedeu entrevista ao Portal Norte.

No bate-papo, realizado nesta quarta-feira (10), Beatriz Meinberg falou sobre os desafios da profissão, além do carinho pela icônica personagem.

A dubladora ainda comentou sobre assuntos em ascensão no mundo da dublagem, como o advento das Inteligências Artificiais (IAs).

Beatriz Meinberg participou do quadro Norte Entrevista, que traz autoridades e personagens relevantes no debate de diversos temas.

Veja entrevista

Destaques da entrevista

Dublagem de Freya e jogos eletrônicos

No jogo eletrônico God of War, a dubladora Beatriz Meinberg dá voz à versão brasileira da deusa guerreira Freya.

Em relação à dublagem para jogos eletrônicos, a profissional explica que o desafio é ainda maior, exigindo muita criatividade.

“Em videogame, você tem menos preparo ainda, porque não existe material pronto. Você tem um storyboard com o rosto do seu personagem e a voz que já vem pronta em inglês… e é só isso que você tem, o resto você constrói com a sua própria imaginação”, explicou.

Beatriz ainda destacou que existem diferenças entre as dublagens de filmes, desenhos, novelas, séries, além, é claro, das direcionadas aos games.

No último caso, o dublador conta, apenas, com o recurso das ondas de áudio, referentes à dublagem original.

Sem a imagem, o profissional não tem os lábios para exercitar o sincronismo que, nesse caso, fica a cargo da equipe técnica.

“É teatro puro! E é mais difícil, porque no teatro você tem vários recursos: você tem a maquiagem, você tem o figurino, você tem a maquiagem sonora… Na dublagem, você tem só a voz, então a sua voz tem que ter todos os elementos que teriam em um teatro e um elemento só. Ela [a voz] tem que estar muito clara, ela tem que estar muito precisa. O público não pode ter dúvida das intenções daquele personagem”, acrescentou.

Inteligência Artificial (IA) e dublagem

Beatriz, quando questionada sobre as Inteligências Artificiais (IAs), afirmou que já podem ser consideradas uma ameaça ao exercício dos dubladores.

Em relação a isso, a dubladora apresentou um caso onde participou de uma seletiva e, após o processo, teve a voz vendida pela produtora para bancos de vozes de Inteligência Artificial.

“Então, o medo que os dubladores tem hoje, de que a voz deles sejam capturadas e usadas sem controle, eu já estou vivendo há 4 anos (…) Eu perdi o controle sob a minha voz… eu devo ter assinado alguma coisa ali que autorizava eu não ter mais controle com o que eu tinha deixado gravado”, relatou.

Apesar disso, ele afirma que ainda não vê a Inteligência Artificial, a curto prazo, ocupando o lugar dos dubladores.

“Porque o que a gente tem hoje, em termo de qualidade, de tecnologia nesse sentido, não é nada muito surpreendente.”, afirma.

A profissional ainda acrescenta que, trabalhos com IA, considerados ‘perfeitos’, demandam muito tempo de aprimoramento e dinheiro.

Beatriz ainda destacou que, no Brasil, a dublagem resistirá, principalmente, por conta do apreço dos brasileiros.

“Eu acho que o brasileiro ama dublagem e tem isso como quase que um valor nacional. O brasileiro ama os dubladores brasileiros, né? Então eu acho que vai ser um mercado que vai sobreviver por conta desse amor dos fãs e dessa geração de fãs que se renova”, disse.

Inspirações da dubladora

Na dublagem, Beatriz destacou algumas de suas inspirações, como Guilherme Briggs, Flávio Dias, Márcia Gomes e Fátima Mourão.

Beatriz descreve Márcia Gomes como fundamental em sua carreira, lhe colocando no mundo da dublagem “pela porta da frente”.

Sobre Guilherme Briggs, a dubladora destacou a versatilidade da voz e as sacadas, feitas durante as adaptações de texto.