No Norte Entrevista deste domingo (3), Izabella Camargo fala da carreira e ‘produtividade sustentável’, tema que passou a pautar a vida da jornalista após apagão ao vivo. Enquanto apresentava a previsão do tempo, passou mal e não conseguiu lembrar da capital do Paraná, Estado em que nasceu.

O caso aconteceu em 14 de agosto de 2018. No mesmo dia, após cumprir o expediente, a jornalista foi ao médico e recebeu o diagnóstico de Síndrome de Burnout. Ela estava sob risco de convulsão e foi afastada das atividades. Ao retornar da licença, de 2 meses e meio, foi demitida pela TV Globo.

Na conversa ao Portal Norte, Izabella revela que nunca quis deixar a televisão e sonha voltar com um programa de Saúde. O início na TV foi em 1997, quando tinha 16 anos de idade, como dançarina do programa Fantasia. Nos bastidores do SBT, foi aconselhada pelo Arnaldo Saccomani a seguir carreira no Jornalismo. O raro timbre de voz grave chamou atenção do produtor musical, que morreu em 2020.

Depois de fazer cursos de rádio e locução, ingressou na faculdade de Jornalismo e consolidou-se na TV. Além de atuar na Globo, passou pela reportagem e apresentação de jornais e programas do SBT, Band News TV e Band, onde, em 2011, foi finalista do Prêmio Esso, um dos mais respeitados do país, com a série “Vizinhos do Crack”, do Jornal da Band.

Hoje, Izabella Camargo é uma importante voz na luta contra a Síndrome de Burnout. Em 2020, idealizou o movimento pela ‘produtividade sustentável’. Produz conteúdos para as redes sociais sobre saúde no ambiente de trabalho, ministra palestras e presta consultoria para grandes empresas. No Instagram, possui 1 milhão de seguidores; no TikTok, quase 200 mil. Seu canal no YouTube tem mais de 1,5 milhão de visualizações.

DESTAQUES:

Diagnóstico

“Eu fui perdendo a saúde por mais de dois anos. O apagão ao vivo foi a gota que transbordou o copo. Mas, antes dele, eu já estava tratando de graves problemas de saúde. Além de problemas no estômago, no intestino, vascular, cardíaco, pele. Tudo isso eu já estava tratando. E aí eu fico dois meses e 15 dias afastada e, quando eu volto, sou demitida”.

Busca por respostas

“Eu tava vivendo um problema grave e falei: ‘opa, vou buscar as respostas disso aqui’. Naquele momento, eu não tinha outro caminho a não ser esse. Senão eu ficaria chorando em casa. Eu chorei todos os dias, mas não dentro de casa e, sim, buscando respostas”.

Fora da TV

“Hoje, a Izabella não é uma jornalista? Sim, eu só não trabalho mais em emissora. Mas eu não trabalho porque eu não quero? Não, porque nunca ninguém me chamou”.

Internet não chega a todos

“Esses dias me perguntaram: ‘você quer voltar pra TV?’ Eu falei: ‘nunca quis sair’. Por mais que hoje eu converse com 1 milhão de pessoas todos os dias pelas minhas redes sociais, a TV ainda chega em pessoas que a Internet não chega. E, quando eu falo em educação em Saúde, quanto mais pessoas receberem mensagens que elas nunca ouviram, melhor pra toda a sociedade”.

Trabalhar sem se prejudicar

“A produtividade sustentável é pra quem ama o que faz continuar fazendo o que ama sem prejuízos pelo caminho”

Início na televisão

Eu fiquei em segundo lugar no Miss Brasil e fui convidada a dar uma entrevista ao SBT. Uma vez no SBT, eu vejo uma movimentação e era de bailarinas do ‘Tempo de Alegria’, do Celso Portiolli. Aí eu faço o teste e volto para o Paraná. Semanas depois, me ligam e falam que eu fui aprovada e que era pra eu vir pra São Paulo com a minha carteira de trabalho”.

Selecionada para o Fantasia

Trabalhando no SBT com carteira assinada, meses depois, começou o ’50 Estrelas’, que o Silvio precisou mudar o nome, antes de estrear, para ‘Fantasia’. Foram três anos nesse programa. O 0800 bombava, era como se fosse o Instagram. A gente dançava, era o auge do axé, e fizeram testes para escolher cantoras, foi quando eu cruzei com o produtor musical Arnaldo Saccomani”.

Do Fantasia para o Jornalismo

Num dos testes, o Arnaldo Saccomani falou pra mim: ‘vai procurar o jornalismo, porque a sua voz é grave e, dependendo do universo que você percorrer, tem poucas vozes como a sua. Pode ser que você tenha sucesso. No dia seguinte, eu já estava fazendo curso de rádio e locução'”.

Sonho

“Eu estou já executando muitas coisas. Hoje, eu já faço letramento pra liderança em grandes empresas, não só do Brasil, mas já levei pra África, França e Estados Unidos. Este ano, eu começo um grande movimento para a criação dos EPIs (Equipamento de Proteção Individual) de saúde mental. Começo uma pesquisa também com o hospital Sírio Libanês, pra trazer a compreensão do assédio associado ao Burnout. Com dados, eu tenho respeito. Assim como o movimento da produtividade sustentável, quando eu entrava nas empresas, eram ideias, agora, eu tenho resultados. As portas se abrem com mais facilidade. Mas eu não sou Burnout, eu não falo apenas de Burnout. Foi o que aconteceu na minha vida pra fazer a grande virada. E, de tudo que eu te falei, eu tenho um sonho, que é de voltar para a TV com um programa de Saúde”.