Cerca de 559 milhões de crianças sofrem com ondas de calor no mundo, a alta frequência destes episódios deve expor 2,02 bilhões de crianças ao problema até 2050.

É o que revela dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) divulgada nesta quarta-feira (26).

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Crianças sofrem com ondas de calor

De acordo com o relatório O Ano mais frio do resto de suas vidas: Protegendo as crianças dos impactos crescentes das ondas de calor revela que 23% das crianças sofrem com ondas de calor em todo mundo.

Mas em cenário de baixa emissão de gases de efeito estufa em 2050, com um aquecimento estimado de 1,7 graus, o total subirá para 1,6 bilhão de crianças.

Já em um “cenário de emissão de gases de efeito estufa muito alto”, com um aquecimento estimado de 2,4 graus em 2050, serão 1,9 bilhão de crianças.

O Unicef destaca que as crianças sofrem com as ondas de calor por que são mais aferrados do que adultos.

“Bebês e crianças pequenas não são capazes de regular sua temperatura corporal como os adultos, ficando em maior perigo quando expostos a altas temperaturas”, diz o relatório.

As crianças sofrem com ondas de calor por terem mais potencial de contrair lesões, por estas passarem mais tempo ao ar livre do que os adultos para brincar, praticar esportes e outras atividades, além dos riscos sociais e educacionais.

Calor no Brasil

O Brasil aparece nos exemplos globais de calor deste ano. Na região centro-oeste ocorreram temperaturas extremamente altas por vários dias em agosto.

No estado de Mato Grosso, as altas atingiram 41°C, ou cerca de 7°C acima do normal. A situação causou 184 mil focos de incêndios florestais, 75 mil dos quais na Amazônia brasileira.

Na Ásia, Índia e Paquistão houve uma onda de calor extremo desde o final de março com temperaturas acima de 40°C,.

Além de vítimas humanas, ocorrem falhas de energia generalizadas, incêndios e perdas de colheitas.

Países

No norte da África aumentam os incêndios florestais nos últimos anos devido às temperaturas extremamente elevadas.

Um exemplo do efeito humanitário desses eventos ocorre na Argélia. Pelo menos 44 pessoas morreram,  mais de 250 ficaram feridas e 500 famílias foram deslocadas em agosto.

Nos Estados Unidos, quase todas as regiões tiveram temperaturas acima da média em 2022. Setembro começou com mais de 61 milhões de pessoas sob alertas, vigilâncias e avisos ativos de calor extremo.

No país, as ondas de calor matam mais pessoas do que qualquer outro desastre relacionado ao clima.

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Casos de alergias

Entre as ameaças para a saúde física estão o aumento de doenças respiratórias crônicas, asma e doenças cardiovasculares, além do desenvolvimento de casos de alergias, diarreia, desnutrição, baixo peso de nascimento, insolação e estresse térmico.

Existe ainda um elevado índice de exposição a doenças transmitidas por mosquitos, incluindo a dengue.

Para o Unicef, essas descobertas ressaltam que é urgente adaptar os serviços essenciais para as crianças à medida que aumentam os impactos do aquecimento global.

O relatório defende a mitigação contínua, para evitar os efeitos de episódios de ondas de calor mais longas, quentes e temperaturas extremas mais elevadas.

A agência da ONU enfatiza a importância de medidas “urgentes e dramáticas” de mitigação de emissões para conter o aquecimento global e proteger vidas.