As doenças crônicas podem ser tratadas com a ajuda de plantas amazônicas, segundo estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).

+ Envie esta notícia no seu WhatsApp

+ Envie esta notícia no seu Telegram

A descoberta de moléculas ativas retiradas de plantas amazônicas pode ajudar no tratamento e prevenção de doenças crônicas como diabetes, obesidade, câncer, artrite, esteatose hepática e cicatrização de úlceras por pressão.

A pesquisa teve como objetivo isolar substâncias em escalas de gramas a partir de plantas amazônicas como: milenona (breu), berjenina (uxi amarelo), lupeol e o hidróxido de genona (cipó miraruira).

Doenças crônicas: projeto de pesquisa é coordenado por Emerson Silva - Foto: Érico Xavier/Fapeam
Doenças crônicas: projeto de pesquisa é coordenado por Emerson Silva – Foto: Érico Xavier/Fapeam

Os pesquisadores trabalharam para planejar a síntese de derivados, sintetizar, caracterizar quimicamente os protótipos e os derivados.

Além disso, foram preparadas formulações farmacêuticas capazes de potencializar o efeito das substâncias e, também, estudados o potencial e modelos in vitro e in vivo dessas doenças crônicas.

RELACIONADAS

+ Pesquisa avalia alterações genéticas dos nódulos da tireoide no AM

+ Pesquisa usa resíduos de peixes para produzir colágenos e gelatinas

+ Estudo investiga espécies de cogumelos capazes de auxiliar no combate a doenças, no AM

Segundo o coordenador da pesquisa, Emerson Silva Lima, foram realizados ensaios, antioxidantes, anti-inflamatório, antiglicante, inibição de enzimas digestivas e citotoxicidade.

Ainda conforme o pesquisador, as substâncias mais promissoras desta etapa foram submetidas aos ensaios de formulação visando ao desenvolvimento de formulações que aumentem o efeito in vivo.

“A descoberta de moléculas ativas para o tratamento ou prevenção dessas doenças crônicas é um caminho importante para o desenvolvimento do Amazonas, com a produção de princípios ativos provindos da biodiversidade amazônica para a indústria farmacêutica mundial”, destaca Emerson.

Ele também reforçou que as formulações contendo as substâncias mais promissoras foram testadas em modelos de diabetes, obesidade e câncer in vivo.

O projeto “Isolamento de moléculas ativas da biodiversidade amazônica para o tratamento de doenças crônicas” faz parte das linhas de pesquisa dos grupos de produtos naturais e análises clínicas, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Ufam.

Doenças crônicas provocaram morte de mais de 2 mil pessoas neste ano, segundo FVS – Foto: Érixo Xavier

O processo ainda é realizado e, de acordo com o pesquisador, dependendo das substâncias que precisam estar numa formulação para melhorar a absorção e a biodisponibilidade ou um derivado dela semissintético, precisa ser modificada na molécula para que possa ser patenteada e despertar interesse da indústria.

Segundo o pesquisador, os pacientes terão acesso ao tratamento a partir da obtenção do produto por uma indústria local, nacional ou internacional.

“O papel da universidade é gerar o conhecimento, mas quem coloca o produto no mercado é uma empresa para o acesso da população”, ressaltou.

Doenças crônicas no AM

Recentemente, a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas Drª Rosemary Costa Pinto divulgou que o Amazonas apresenta um total de 2. 675 de mortalidade prematura de indivíduos, com idade de 30 a 69 anos. Dados são de janeiro até setembro deste ano.

Conforme o levantamento, as mortes são provocadas pelo conjunto das quatro principais doenças crônicas não transmissíveis: doenças do aparelho circulatório; neoplasias malignas; doenças respiratórias crônicas e diabetes mellitus, atualizados em setembro de deste ano. Em 2021, a taxa de mortalidade foi de 4.179.