A inadimplência atinge 79% das famílias brasileiras em outubro e chegou a maior taxa anual em seis anos.
É o que revela dados divulgados nesta segunda-feira (7) da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
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Famílias brasileiras endividadas
O aumento na inadimplência ocorreu mesmo com a relativa estabilidade na proporção de endividados.
Em outubro, o percentual das famílias brasileiras com dívidas a vencer chegou a 79,2%.
O indicador caiu 0,1 ponto na comparação com setembro, mas subiu 4,6 pontos percentuais em relação a outubro de 2021.
O volume de famílias brasileiras com contas atrasadas no país subiu em outubro e atingiu a maior taxa anual em seis anos.
A proporção de famílias inadimplentes ficou em 30,3% em no mês passado, alta de 0,3 ponto percentual em relação a setembro, e de 4,6 pontos em relação a outubro do ano passado.
Esse avanço de 4,6 pontos em 12 meses foi o maior registrado na comparação anual desde março de 2016, informou a CNC. O indicador subiu pelo quarto mês consecutivo.
O aumento na inadimplência ocorreu mesmo com a relativa estabilidade na proporção de endividados.
Em outubro, o percentual das famílias brasileiras com dívidas a vencer chegou a 79,2%. O indicador caiu 0,1 ponto na comparação com setembro, mas subiu 4,6 pontos percentuais em relação a outubro de 2021.
De acordo com a CNC, o aumento da inadimplência pode ser explicado pela combinação de grande nível de endividamento e juros altos.
Na avaliação da entidade, esse cenário dificulta a quitação de todos os compromissos financeiros dentro do mês, mesmo com a melhora progressiva no mercado de trabalho, a queda da inflação e as políticas de transferência de renda reduzindo a proporção de endividados.
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Estados e renda
Na divisão por estados, a inadimplência cresceu em 12 das 27 unidades da Federação, com destaque para a Bahia, onde 43,7% das famílias relataram estar com as contas atrasadas.
Em relação ao endividamento, a proporção de famílias brasileiras com débitos a vencer subiu em 17 unidades da Federação.
A maior alta foi no Paraná, onde 95,8% das famílias afirmaram estar endividadas.
Na comparação por renda, a taxa de endividamento aumentou nos últimos 12 meses tanto entre as famílias brasileiras de baixa e média renda, que ganham até dez salários mínimo, quanto entre as de maior renda (que recebem mais que dez salários mínimos).
Segundo a CNC, as dívidas no cartão de crédito e no cheque especial, que cobram os juros mais altos, estão pressionando o aumento na proporção de endividados.
Juros altos
Os orçamentos domésticos continuam apertados, principalmente entre as famílias de menor renda, apesar da retomada progressiva do fôlego na economia, disse o presidente da CNC, José Roberto Tadros.
Segundo o Banco Central, os juros anuais em todas as linhas de crédito para as pessoas físicas atingiram 53,7% em média, em setembro, com evolução de 12,5 pontos percentuais.
A proporção de famílias com dívidas atrasadas por mais de 90 dias vem se reduzindo desde abril.
Em outubro, esse indicador alcançou 41,9% dos inadimplentes, menor proporção desde dezembro de 2021.
Os consumidores têm buscado renegociar as dívidas atrasadas. A porcentagem de famílias que afirmaram não ter condições de pagar as contas caiu 1 ponto percentual de setembro para outubro, representando 10,6% do total de famílias.
Principais dívidas
O cartão de crédito mantém-se, já há algum tempo, como principal tipo de dívida das famílias brasileiras, indica a Peic.
Aumentou de 84,9%, em outubro do ano passado, para 86,2% em igual mês deste ano. Do mesmo modo, houve expansão no cheque especial, de 4,9% para 5,1%, na mesma base de comparação.
A taxa de juros média do rotativo do cartão alcança em torno de 380% ao ano, embora existam instituições que pratiquem juros bem maiores que a média.
Já o crédito consignado, um dos tipos de crédito com juros mais baixos, cerca de 25% ao ano, segundo dados do Banco Central, perdeu espaço no endividamento dos brasileiros: 5% do total de consumidores endividados tem dívidas consignadas atualmente, ante 7% em outubro de 2021.