O desmatamento na Mata Atlântica cresceu em todos os estados onde o bioma está presente em 2021.

É o que revela dados do MapBiomas divulgado nesta quinta-feira (20).

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A Mata Atlântica é onde vivem 70% dos brasileiros, o bioma está cada vez mais distante de sua configuração original.

Mata Atlântica

Segundo os novos dados do MapBiomas, a área é definida na lei de 2006, que estende os limites desse bioma para 17 estados.

Dos 17 estados apenas 24,3% desse território ainda resiste como formação florestal.

Desmatamento

A Mata Atlântica ocupava 27,1% em 1985, já havia baixado para 25,8% em 2020 e caiu para 24,3% em 2021.

Os estados com menor cobertura nativa em 2021 são:

  • Alagoas (17,7%);
  • Goiás (19,5%);
  • Pernambuco (23,4%);
  • Sergipe (25,5%);
  • São Paulo (28,4%);
  • E Espírito Santo (29,3%).

Mais da metade (57%) dos municípios possuem menos de 30% da vegetação nativa

Já os estados com maior cobertura nativa de Mata Atlântica em 2021 são:

  • Piauí (89,9%);
  • Ceará (76,9%);
  • Bahia (49,7%);
  • E Santa Catarina (48,1%).

Floresta madura

Além da redução em área, existe um processo de redução da qualidade dessa cobertura vegetal: entre 1985 e 2021 houve uma perda de 23% de floresta madura.

Em 37 anos, 9,8 milhões de hectares de vegetação primária foram suprimidos, enquanto 8,8 milhões de hectares regeneraram-se em vegetação secundária.

Elas respondem por 26% de toda a cobertura florestal da Mata Atlântica. 

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Agricultura e pasto

Enquanto a cobertura florestal recua, cresce a área destinada à agricultura: esse foi o tipo de uso de solo que mais cresceu na Mata Atlântica nos últimos 37 anos.

Essa atividade avançou 10,9 milhões de hectares. Se em 1985 ela ocupava 9,2% do bioma, em 2021 esse percentual alcançou 17,6%.

Nesse período, a silvicultura ganhou 3,7 milhões de hectares, passando de 0,7% (1985) para 3,5% do bioma. Juntos, agricultura e silvicultura já ocupam um quinto da Mata Atlântica. 

O uso da terra prevalente no bioma ainda é a pastagem.

Embora essa atividade tenha tido uma perda líquida de 10,5 milhões de hectares nos últimos 37 anos, um em cada quatro hectares desse bioma ainda é de pasto, que perde espaço para agricultura, mas ainda avança sobre áreas de floresta.

São 32,2 milhões de hectares, ou 24,6% da Mata Atlântica. A agropecuária, agricultura, pastagens, áreas de mosaico de usos e a silvicultura ocupam 60,1% da Mata Atlântica.

Urbanização e crise hídrica

A região também passou por um forte processo de urbanização nos últimos 37 anos.

As áreas urbanizadas passaram de 674 mil hectares em 1985 para 2,03 milhões de hectares em 2021, um aumento de 1,4 milhão de hectares.

Embora 87,5% da expansão tenha se dado sobre áreas já alteradas, em 1985 12,7% cresceu sobre áreas que eram naturais.

Os efeitos da degradação da Mata Atlântica já podem ser percebidos. Um dos serviços ambientais prestados pelas florestas é produção e proteção de água.

No período analisado, de 1985 a 2021, a bacia do Paraná teve sua cobertura nativa reduzida de 22,5% em 1985 para 21,6% em 2021.

A do Paranapanema e do São Francisco também tiveram uma redução da cobertura nativa, de 21,3% (1985) para 20,3% e de 57% (1985) para 52,9%, respectivamente.  

“Depois de sucessivas crises hídricas afetando dezenas de cidades ao longo da Mata Atlântica, é preocupante ver a capacidade de fornecimento de serviços ambientais deste bioma ser continuamente fragilizada”, adverte Luís Fernando Guedes Pinto, Diretor Executivo da SOS Mata Atlântica.