A população mais pobre em São Paulo é a que mais intensidade os riscos ambientais. É o que revela uma pesquisa realizada pela MapBiomas.
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Riscos ambientais
Nos últimos 37 anos, a ocupação urbana em áreas de risco triplicou, segundo o estudo Destaques do Mapeamento Anual das Áreas Urbanizadas no Brasil entre 1985 a 2021, realizado pelo MapBiomas, iniciativa multi-institucional de universidades, ONGs e empresas de tecnologia que monitora a cobertura e o uso da terra no Brasil.
Ne período, imagens de satélite conseguiram constatar que a urbanização também cresceu em três vezes, dado que relaciona o adensamento urbano com a habitação nas áreas mais vulneráveis aos impactos e riscos ambientais.
Em 1985, as áreas urbanizadas correspondiam a 1,2 milhões de hectares. Já em 2021, esse número atingiu 3,7 milhões de hectares. Simultaneamente, o assentamento das favelas, denominadas no estudo como áreas urbanizadas em aglomerados subnormais (AGSM), aumentou em 3,4 vezes.
A cada 100 hectares de urbanização das AGSN, 15 foram sobre área de risco.
“Eles estão localizados em áreas de risco, em áreas submetidas à exposição de risco geológico, que seria escorregamento deslizamento ou margem de rio”, comenta Luciana Chakarian, doutoranda da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP e pesquisadora do Grupo LabCidades.
Ela explica a definição do termo “áreas de risco” de acordo com o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC):
“Ele (IPCC) define risco como o potencial das consequências adversas, os danos ou perdas para sistemas humanos e ecológicos”, comentou.
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Áreas de risco em São Paulo
A prefeitura do município de São Paulo efetua um mapeamento sobre a área de risco em relação à área total da cidade.
O mapeamento é feito pelo portal GeoSampa, que disponibiliza dados georreferenciados.
“Ele (GeoSampa) tem quase 370 bases de dados para a gente verificar várias coisas de ordem diversas, inclusive ambientais, e tem esses mapeamentos de risco”, aponta ela.
A pesquisadora alerta sobre a condição atual da urbanização paulistana.
“Para aproximar à nossa realidade, são 1.600 campos de futebol, quase 12 parques Ibirapuera em risco no município”, relata.
Ela relata o número de 175 mil moradias assentadas em áreas de risco e com riscos ambientais, sejam regulares ou não.
Urbanização e vegetação
Quando se leva em conta os biomas, a pesquisa revela o Cerrado com o maior aumento proporcional em áreas de risco, tendo crescido em 382% no período. Em seguida, aparecem:
- Caatinga (310%);
- Amazônia (303%);
- Mata Atlântica (297%);
- Pampa (193%);
- E Pantanal (187%).
O Cerrado também foi o que mais perdeu vegetação nativa para a expansão urbana, com 156,5 mil hectares desmatados.
Brasília registrou mais de 15 mil hectares de formações savânicas e campestres em espaços urbanos, por exemplo.