O Irã prende atrizes nacionalmente conhecidas por retirarem o véu islâmico, em uma nova sinalização de que o regime teocrático não pretende moderar a repressão contra os manifestes.

O país está em meio à onda de protestos desencadeada pela morte da jovem Mahsa Amini,

Hengameh Ghaziani e Katayoun Riahi foram presas no domingo por retirarem seus véus em público quando milhares de pessoas também foram detidas por protestos qualificados como “distúrbios” pelas autoridades.

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Mahsa Amini

A jovem Mahsa Amini foi detida pela Polícia da Moralidade no Teerã no dia 13 de setembro.

Com apenas 22 anos, ela foi acusada de infringir o rígido código de vestimenta feminino ao deixar uma mecha do cabelo aparecer.

Mahsa entrou em coma e faleceu três dias depois do ocorrido no hospital.

Após sua morte, vários protestos, alguns muito violentos, começaram no país.

Irã prende atrizes por retirarem o véu islâmico

Atriz iraniana Hengameh Ghaziani foi detida por ter tirado o véu em público em um vídeo nas redes sociais.

De acordo com a agência oficial de notícias Irã, ela foi detida por incitar e apoiar os “distúrbios” e por contatar meios de comunicação da oposição.

A atriz, de 52 anos, tinha dito anteriormente que havia sido intimada a comparecer aos tribunais.

Em seguida, publicou um vídeo em sua conta no Instagram, no qual tira o véu de uso obrigatório no país.

Mensagem

“Talvez esta seja minha última mensagem”, escreveu no fim da noite de sábado. “A partir de agora, aconteça o que acontecer, saibam que sempre estarei com o povo iraniano até meu último suspiro”, acrescentou. No vídeo, a atriz olha para a câmera sem falar, antes de dar meia volta e prender os cabelos como fazem outras mulheres antes de participar dos protestos.

Katayoun, de 60 anos, foi presa horas depois de sua companheira de profissão

Em setembro, havia expressado sua solidariedade com as manifestações e sua oposição à obrigatoriedade de as mulheres iranianas usarem o véu islâmico, em uma entrevista concedida a uma emissora iraniana que opera a partir de Londres

Nos últimos dias, seis pessoas foram condenadas à morte na República Islâmica por eventos ligados aos protestos. Um tribunal de Teerã condenou à morte o último deles no domingo, 20 A pessoa foi considerada culpada de “sacar uma faca com a intenção de matar, semear o terror e criar insegurança na sociedade durante os distúrbios recentes”, segundo uma fonte.

A corte considerou que se tratou de um “mohareb” (“inimigo de Deus” em persa), anunciou o site Mizan Online.

Véu

As autoridades judiciais já acusaram mais de 2 mil pessoas de diversos delitos por sua participação nos protestos que pedem o fim da República Islâmica desde 24 de setembro, após a morte de Amini, uma curda de 22 anos, quando estava sob custódia da polícia da moral por “não usar adequadamente o véu islâmico”.

Participam das manifestações principalmente jovens e mulheres, que queimam véus, gritam “mulher, vida e liberdade” e frases contra o regime, algo impensável não muito tempo atrás. Mais de 380 pessoas morreram desde o início das manifestações, duramente reprimidas