Avaliar as alterações genéticas dos nódulos da tireoide, especialmente em pacientes com bócio multinodular, é o objetivo de estudo apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).

O nódulo popularmente conhecido como papo, causa o aumento da glândula tireoide e pode tornar-se visível no pescoço.

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A pesquisa intitulada “Perfil diferencial de expressão gênica do bócio multinodular” é fruto de uma parceria entre o Centro Observatório de Doenças Otorrinolaringológicas do Amazonas (COOA) e o Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).

O artigo, fruto desse estudo, foi publicado na Plos One, revista científica internacional de grande impacto, pelos pesquisadores Wenberger Lanza Daniel de Figueiredo, Eraldo Ferreira Lopes, Débora Laredo Jezini, Lorena Naciff Marçal, Enedina Nogueira de Assunção, Paulo Rodrigo Ribeiro Rodrigues, Adolfo José da Mota, Diego Monteiro de Carvalho, Spartaco Astolfi Filho e João Bosco Lopes Botelho.

De acordo com a Fapeam, o estudo comparou os resultados entre pacientes com o tecido tireoidiano com bócio multinodular e outros submetidos à tireoidectomia (procedimento responsável pela remoção cirúrgica da glândula tireoide).

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As amostras foram de pacientes de hospitais da capital amazonense, através da utilização da tecnologia ‘RNA-seq’, que consiste em uma técnica de sequenciamento avançada, utilizada para revelar a presença e a quantidade de RNA na amostra biológica em um dado momento.

“No nosso estado, esta doença é muito prevalente, geralmente com necessidade de cirurgia para a remoção da glândula. Saber as causas do bócio, compreender como ele é molecularmente, pode ajudar nas estratégias de saúde pública no futuro”, disse Diego Monteiro de Carvalho, pesquisador da Fundação Hospital Adriano Jorge (FHAJ) e da Ufam.

Segundo Carvalho, a pesquisa inédita possui o objetivo de realizar uma abordagem molecular por transcriptoma, isto é, análise dos produtos produzidos pelos genes das células presentes na tireoide.

“Conseguimos perceber que as características moleculares do bócio são muito diferentes das doenças benignas convencionais, e em algum momento parecem ser favorecedores do aparecimento ou transformação desses nódulos em cânceres de tireoide”, explicou.

Resultados

No estudo, 70 sequências foram diferencialmente expressas entre bócio multinodular e tecido livre de doença.

Conforme o grupo de pesquisa, os achados são semelhantes às características das doenças tumorais com redução do apoptose e dos sistemas de reparo celular.

Também foi percebido aumento da atividade inflamatória na presença de produtos do locus pró-tumoral.

“Neste caso a proteína nucleolar HOTS, que juntamente com o lncRNA H19, seria possível indutora de câncer de mama, tireoide, fígado, rim e lesões pulmonares”, revela trecho do artigo.

Segundo o pesquisador, esses dados reforçaram o comportamento anômalo do ponto de vista molecular, especialmente durante a ativação de um gene, quando, na verdade, deveria estar funcionando somente na face em que somos embriões.

“Isso pode favorecer o aparecimento de nódulos malignos na glândula”, afirmou.

O artigo na íntegra pode ser acessado no site da Plos One.