Siga o Canal do Portal Norte no WhatsAppO governador de Roraima, Antônio Denarium (Progressistas), está envolvido na Justiça em uma ação de busca e apreensão de aeronave utilizada em garimpos ilegais.
O veículo teria sido negociado durante transação de agiotagem entre Denarium e um empresário do Pará.
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O que também chama atenção no caso é que o avião supostamente dado como garantia a Denarium pertencia a uma empresa, que ficou sem o veículo após o mesmo ser retirado de hangar sob ordens do chefe do executivo de Roraima.
O avião foi apreendido no Aeródromo Barra do Vento, em Boa Vista, depois de uma decisão judicial em dezembro do ano passado.
O fato foi descoberto há algumas semanas pela equipe do Norte Investigação, do jornalismo do Grupo Norte de Comunicação.
O governador e outras duas pessoas pessoas foram denunciadas.
A denúncia e o pedido de busca pela aeronave foram feitos à 2ª Vara Cível do poder judiciário de Roraima.
A Justiça reconheceu a D´Goold Empreendimentos Eireli como dona do avião e ordenou que ele fosse devolvido ao empresário Paulo José Assis de Souza, proprietário da empresa.
Denúncia e investigação
Além de Denarium, a empresa D´Goold Empreendimentos também denunciou Antonio José Pinho Beserra, o Timbó, e Valdir José do Nascimento, o Japão.
O avião arrolado no processo tem o prefixo PR-Cau número de série 721087 tipo ICAO P32R.
A denúncia diz que a aeronave pertencia a um empresário do Pará e foi dada como garantia em um empréstimo de dinheiro por meio de agiotagem praticada supostamente pelo governador Antônio Denarium.
Depois de dar o veículo como garantia a Denarium, o empresário teria vendido o avião à empresa D´Goold Empreendimentos Eireli.
Um recibo registrado em cartório confirma que a D´Goold comprou o avião de uma construtora.
Apesar disso, o advogado da D´Goold afirma que o governador mandou retirar o avião de um hangar e o revendeu ao empresário Valdir do Nascimento, conhecido como “Japão”.
Na denúncia da empresa, Japão é citado como maior fomentador da atividade garimpeira ilícita em terras indígenas Yanomami.
O empresário também é apontado como dono de aeronaves fretadas a garimpeiros.
Japão realizaria, pelo menos, 20 fretes semanais para o garimpo, o que corresponde a faturamento semanal, por aeronave, em torno de R$ 200 mil.
O empresário Valdir do Nascimento já foi investigado por crimes envolvendo garimpo ilegal. Usurpação de matéria-prima da União, receptação de ouro e participação no genocídio dos Haximus, em 1993, são alguns deles.
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Fazenda de Japão
A reportagem do Norte Investigação foi até uma suposta fazenda de Japão, no município de Alto Alegre, a 90 Km de Boa Vista.
No local, os moradores temem falar dele.
Um documento que a reportagem teve acesso indica que o empresário Valdir é o proprietário da fazenda.
No local, há denúncia de que existe pista de pouso e decolagem que ajudaria na logística de garimpos ilegais na região.
O que diz Japão
De volta a Boa Vista, a equipe do Norte Investigação abordou o empresário na saída da casa dele.
Valdir confirmou que tem ligação com o governador Denarium no caso do avião e disse que tem recibo que comprova a negociação da aeronave.
Governador
A reportagem tentou contato com o governador Antônio Denarium através de e-mail e na própria sede do governo.
A equipe não foi atendida e o secretário de comunicação, Weber Negreiros, tentou intimidar a produção.
Ministério Público
O Ministério Público de Roraima informou à reportagem que, atualmente, existem pelo menos quatro denúncias contra o governador Antônio Denarium, que está no segundo mandato. Elas foram encaminhadas ao Ministério Público Federal.
A situação em regiões afetadas por garimpos ilegais é grave. Além do impacto ambiental, os índios Yanomamis são os que mais sofrem com a ação criminosa.
Nos últimos meses foram registradas 42 mortes de indígenas.
A expectativa é que a CPI do Senado Federal, criada para apurar a atividade ilegal de garimpos em Roraima, possa revelar ainda outros crimes.
Entrevistas recentes de Denarium levantam suspeitas da posição dele em relação aos garimpos.
Em uma delas, o o governador afirmou que “os índios precisam se aculturar, não podem mais ficar no meio da mata parecendo bicho”.
