O Brasil emitiu 2,3 bilhões de toneladas brutas de gases de efeito estufa em 2022.
O número representa uma queda de 8% em relação ao ano anterior, quando foram emitidas 2,5 bilhões de toneladas, mas ainda é um nível de poluição em patamares elevados.
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A taxa de emissões registrada no ano passado é a terceira maior desde 2005, perdendo apenas para 2021 e 2019.
O Observatório do Clima, a maior coalizão de ONGs do País ligadas à sustentabilidade, apresentou dados do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Seeg) nesta quinta-feira (23).
Essa é a 11ª edição do estudo, divulgada às vésperas da Cúpula do Clima (COP-28), que acontece em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, a partir do dia 30.
A redução de emissões de gases do efeito estufa é a principal medida para frear o aquecimento global.
Entre 2019 e 2022, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o Brasil emitiu 9,4 bilhões de toneladas brutas de gases de efeito estufa, retornando a patamares de emissões da década de 1990 e do início dos anos 2000.
O desmatamento, principal responsável pelas emissões de gases do efeito estufa no Brasil, apresentou ligeira queda em suas emissões.
No ano passado, a destruição de florestas emitiu 1,12 bilhão de toneladas brutas de gás carbônico equivalente, o correspondente a 48% das emissões brasileiras.
Em 2021, o desmatamento emitiu 1,32 bilhão de toneladas de gases do efeito estufa, representando 50% do total.
“Mesmo com a alta no Cerrado, a diminuição na Amazônia (cuja taxa de desmatamento medida pelo sistema Prodes, do Inpe, caiu 11%, de 13.038 km² para 11.594 km²) puxou o setor para baixo”, explica a pesquisa.
A análise mostra que enquanto as emissões geradas pelo desmatamento caíram, a quantidade de gases do efeito estufa despejada pela agropecuária cresceu.
Em 2022, o setor emitiu 617,2 milhões de toneladas de gases de efeito estufa, aumento de 3,2% em relação a 2021, quando foram emitidas 598,3 milhões de toneladas.
A agropecuária é a segunda maior fonte de emissões do Brasil, ficando atrás apenas do desmatamento, e representa 27% do total.
“A principal causa do aumento nas emissões foi, assim como em 2021, o crescimento do rebanho bovino”, afirma o Observatório.
Dados do IBGE mostram que o número de cabeças de gado aumentou quase dez milhões de um ano para o outro.
Em 2022, foram contabilizadas 234,4 milhões de cabeças, contra 224,6 milhões no ano anterior, um aumento de 4,3%.
O gado emite metano durante seu processo de digestão, contribuindo para o aquecimento global.
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Meta pode ser mais ambiciosa
De acordo com dados da análise, caso o Brasil cumpra a meta anunciada pelo presidente Lula de zerar o desmate até 2030, o país atingirá com folga o compromisso fixado no Acordo de Paris, celebrado em 2015.
Em setembro, o governo federal anunciou a retomada da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) assumida originalmente pelo Brasil, de reduzir as emissões de gases do efeito estufa em 48% até 2025 e em 53% até 2030.
A meta havia sido modificada pelo por Bolsonaro, que reduziu a proposta. Na versão do governo anterior, o Brasil deveria cortar as emissões em 37% até 2025 e 50% até 2030.
O Observatório do Clima indica que, caso queira, o governo atual tem margem para se comprometer com uma meta mais ousada de redução de gases do efeito estufa.
Isso porque, a redução do desmatamento a zero, como tem prometido Lula, garantiria que o Brasil pudesse reduzir quase duas vezes mais suas emissões do que o prometido no âmbito do Acordo de Paris.
Mato Grosso é campeão em emissões
Mato Grosso foi o campeão em emissões de gases do efeito estufa no ano passado. Segundo os dados, o estado foi responsável por 17,3% das emissões do país.
Os índices de emissões brutas per capita mostram o tamanho do desafio no Estado.
A média de emissões per capita foi de 106 toneladas de CO² e emitidas por habitante em 2022, uma taxa mais de 17 vezes maior do que a média mundial.
O Pará é o segundo Estado com maior índice de emissões, concentrando 15,6% do total; Minas Gerais aparece em terceiro, com 7,3%.
No caso de Mato Grosso e do Pará, a principal causa foi o desmatamento. Já em Minas Gerais, as emissões foram lideradas pela agropecuária.