A Campanha Setembro Amarelo trabalha a prevenção ao suicídio. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde apontam que o suicídio é a quarta causa de morte. Ficando atrás apenas de acidentes no trânsito, tuberculose e violência interpessoal.

Em entrevista ao Portal Norte, a psicóloga clínica (CRP: 23/2704) Andréa Nobre, informou que só no Brasil, temos cerca de 13 mil casos de suicídio por ano.

“A cada 3 segundos uma pessoa tenta contra a própria vida. Quando não falamos o problema não existe. A desinformação não ajuda as pessoas que podem estar em risco de morrer por suicídio! Desconhecer sobre o tema abre brecha para a propagação de mitos e crenças equivocados sobre o tema. E isso pode ser perigoso”, afirmou a psicóloga, destacando a importância do Setembro Amarelo.

Andréa destacou ainda que além de falar sobre o tema, a comunidade também precisa promover a saúde mental. Isso pode ser feito por meio de campanhas que tenham como objetivo desconstruir estigmas e tabus em relação ao suicídio.

“Além de criar grupos de mútua ajuda e outras medidas para aumentar os laços sociais na comunidade. Não tenha preconceito e nem medo de participar, o suicídio pode ser evitado. Esse é um trabalho de todos nós, população, profissionais da área de saúde, educadores, administração pública e personalidades. Falar sobre suicídio da forma adequada pode salvar vidas”, concluiu a psicóloga clínica.

Principais causas do suicídio e tratamento

A psicóloga clínica, Andréa Nobre, explicou que o fenômeno do suicídio é multifatorial. É o resultado de uma complexa interação de fenômenos que são tanto psicológicos, quanto biológicos, genéticos e até culturais e socioambientais.

“Dessa forma, nós precisamos entender que não se trata de uma única causa, um único acontecimento. Em 1º lugar a depressão, em 2º lugar o Transtorno Bipolar, em 3º o Abuso de Substâncias”, pontuou.

De acordo com a profissional, o primeiro passo para a prevenção ao suicídio, é identificar e tratar os transtornos mentais. E isso deve ser feito pelo médico psiquiatra ou psicólogo.

Andréa pontuou também que a pessoa que quer tentar contra a própria vida, dá sim sinais, ao contrário do que muitos imaginam.

“A maioria das pessoas antes de realizar uma tentativa de suicídio ou ter um suicídio consumado dá alguns sinais de que não está bem, seja de forma verbal, comportamental, ou mesmo por meio de sintomas corporais normalmente atribuídos a estresse, como, por exemplo, dores de cabeça frequentes e dores no estômago”, destacou.

Sinais verbais

  • “queria sumir”
  • “minha vida não tem o menor sentido”
  • “eu sou um peso na vida dos outros”
  • “as pessoas estariam melhores sem mim”
  • “queria nem ter nascido”
  • “caso a gente não se encontre novamente”
  • “nada vai melhorar”
  • “eu nunca vou sair dessa situação”

Sinais comportamentais

  • Mudanças nos padrões de sono (muito sono ou insônia);
  • Padrões de alimentação (pouco ou muito apetite);
  • Desinteresse por atividades que antes moviam muito interesse (deixa de ir à lugares que gostava, praticar uma atividade que praticava).

“Embora casos de suicídios realizados impulsivamente também ocorram, o mais comum é que as pessoas sigam uma progressão de ideias de morte que vai de eventuais pensamentos sobre a morte e o morrer e evolui para a ideação suicida e, então, para um plano suicida. Assim, observar alguns sinais de alerta e dar atenção a eles pode ser fundamental para ajudar num momento de crise suicida”, alertou Andréa Nobre.

Saiba como ajudar

Caso você conviva com alguém que tenha depressão ou outro transtorno psicológico que possa levar ao suicídio, a psicóloga Andréa Nobre elencou para o Portal Norte, algumas orientações de como ajudar.

  • Em primeiro lugar, ouça com atenção o que a pessoa está sentindo
  • Não julgue, não tenha preconceito
  • Não dê conselhos do tipo: “você precisa sair mais de casa”, “você precisa esquecer isso…”
  • Demonstre que é alguém de confiança
  • Não faça comparações
  • Não mude de assunto, nem faça comentários do tipo: “anima-te”, “vai correr tudo bem”
  • Não ria ou faça piadas
  • Não hesite em questionar aberta e diretamente a ideia de suicídio: “você pensa em morrer?”

Ações que salvam vidas:

  • Acompanhe ao psiquiatra ou psicólogo. Ambos os profissionais também fazem atendimento online em sites especializados;
  •  Encaminhe ao serviço médico e peça ajuda a um profissional de saúde;
  •  Não deixe a pessoa sozinha, portas não devem ser trancadas;
  •  Fique atento aos sinais;
  •  Não deixe a pessoa próxima de meios letais, isso reduz o risco imediato;
  •  Acredite em ameaças. Mais prudente não pagar para ver.

Busque ajuda

Em caso de necessidade e momento difícil, saiba que você não está sozinho e pode buscar ajuda. Por meio do SUS, a Rede de Apoio Psicossocial oferece atendimento gratuito. Eles podem ser encontrados em: Unidade Básica de Saúde, Centro de Atenção Psicossocial e SAMU.

“O @cvvoficial atende gratuitamente ligações pelo número 188, e vale também conhecer o @mapasaudemental, onde estão listados vários serviços gratuitos ou a valor acessível”, informou a psicóloga clínica, Andréa Nobre.

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