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Operação Máximus: contrato do caso Bruno Teixeira seria instrumento de propina para decisão rápida de juiz

Operação Máximus foi deflagrada pela PF em agosto deste ano - Foto: Divulgação

Operação Máximus foi deflagrada pela PF em agosto deste ano - Foto: Divulgação

O caso do empresário Bruno Teixeira da Cunha, condenado a 22 anos de prisão pela morte de Elvisley Costa de Lima, na Avenida Palmas Brasil Sul, em 2020, tem ligação com o esquema de compras de sentenças apontado na Operação Máximus. O crime aconteceu no dia quatro de janeiro de 2020.

Deflagrada pela Polícia Federal no dia 23 de agosto deste ano, a investigação apura crimes de corrupção ativa, exploração de prestígio, lavagem de dinheiro e organização criminosa no Judiciário do Estado do Tocantins.

O empresário Bruno Teixeira, firmou um contrato com os advogados Thiago Sulino e Robson Moura Figueiredo Lima, que seria de Honorários Advocatícios. Ambos são investigados na Operação Máximus. Mas o contrato não era para serviços advocatícios e sim para a cobrança de propina.

Para a Polícia Federal, Bruno relatou que assinou o contrato, em fevereiro de 2020, para pagar R$ 1 milhão. O objetivo era garantir sua soltura após sua prisão preventiva. O cliente só descobriu depois que se tratava de uma propina para influenciar o resultado do seu caso judicial.

Confira depoimento na íntegra

“Eu encontrei com o doutor Robson e o doutor Thiago Sulino, onde os dois me procuraram para falar que o valor seria de 1,5 milhão. Eu conversei com eles, chorei, eles falaram que seria de 1,2 milhão, aí foram no T.J., voltaram e fechamos por um milhão. No dia 12, ele me chamou, aí nós fomos ao fórum, chegando no fórum, o juiz me chamou na sala dele, me cumprimentou, se apresentou, me deu um abraço, falou que estava tudo liberado, estava tudo organizado. Eu peguei e fui embora. Passados alguns dias, eu paguei 200 mil no dia, aí passados alguns dias começaram as insistências dos outros pagamentos, e como tinha dado a pandemia, eu estava sem dinheiro, e daquela insistência, eles foram à minha residência em Goiânia. Chegando lá, eles viram os relógios meus, falando, eu pego relógio, pego tudo que você tiver. Aí eu dei três relógios pra eles, e só. Aí um dia, na minha casa, em Palmas, apareceu, eles me cobrando insistentemente, apareceu o Thiago Sulino e o Thales na minha casa junto com o Robson, falando que a dívida era do Thales, que eu sabia que era com o Thales e com o pai dele, que não era brincadeira, e que eu tinha que pagar. Aí eu fiquei assustado e falei, mas o que que o Thales tem a ver com isso? aí foi quando eu fiquei sabendo que tinha sido uma propina e não um contrato advocatício. Aí eu me recusei a pagar para eles, foi quando eles falaram que eu ia me ver com eles. Aí passado alguns tempos o Thiago sulino antes de sair a minha temporária me ligou e falou assim: ó, você vai ser preso agora, você tá de brincadeira com a gente. Aí eu peguei e falei com ele brigando e desliguei o telefone. No outro dia saiu minha prisão temporária. Eu fiquei assustado, liguei nele e aceitei pagá-los. Aí eu quitei um milhão. Após quitar um milhão ele falou assim, agora não é um milhão mais não, agora você tem que dar mais dois milhões, senão não vai liberar suas coisas não e a gente vai dar um jeito de te ferrar”, relatou Bruno Teixeira, para a Polícia Federal.

Decisão rápida

Robson Moura moveu uma ação, alegando que Bruno não tinha quitado o valor total, como previsto no contrato de honorários. No dia 27 de março de 2020, o juiz Pedro Nelson analisou tal ação de forma incomumente rápida. Foram 15 minutos entre análise e sentença, o que chamou a atenção.

A suspeita da relação entre Pedro Nelson e os envolvidos no esquema de propinas da Operação Máximus, se dá por conta de sua promoção a desembargador. Ele foi promovido por Helvécio, em setembro de 2020, meses depois do julgamento.

Além disso, Helvécio é pai de Thales André Maia, preso preventivamente durante a operação da Polícia Federal, que também investiga possíveis negociações que teriam facilitado sua ascensão ao cargo de desembargador.

Na época em que foi deflagrada, os policiais federais cumpriram dois mandados de prisão preventiva, além de 60 mandados de busca e apreensão.

O Portal Norte busca contato com os citados nesta reportagem, e suas defesas a respeito das investigações.

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