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21% das mulheres foram ameaçadas de morte no Brasil

Lei atual prevê detenção de 12 a 30 anos para crimes de feminicídio - Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil

Lei atual prevê detenção de 12 a 30 anos para crimes de feminicídio - Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil

No Brasil, 21% das mulheres já foram ameaçadas de morte por parceiros atuais ou ex-companheiros, e seis em cada dez conhecem alguém que vivenciou essa situação.

As mulheres negras (pretas e pardas) são as mais afetadas, segundo dados da pesquisa Medo, Ameaça e Risco: Percepções e Vivências das Mulheres sobre Violência Doméstica e Feminicídio, realizada pelo Instituto Patrícia Galvão e Consulting do Brasil.

O estudo também revela que seis em cada dez vítimas de ameaça romperam o relacionamento, sendo essa decisão mais comum entre as mulheres negras.

Cerca de 44% das vítimas relataram ter grande medo, mas apenas 30% registraram queixa na polícia, e 17% solicitaram medidas protetivas, mecanismo que impede o agressor de se aproximar da vítima.

A pesquisa também revela uma sensação generalizada de impunidade: duas em cada três mulheres acreditam que agressores não são punidos, e apenas 20% acham que esses crimes resultam em prisão.

Impunidade e aumento dos casos de feminicídio

Para 60% das brasileiras, a impunidade dos agressores contribui para o aumento dos feminicídios.

Entre as mulheres ameaçadas de morte, 42% subestimam o risco, acreditando que os agressores não cumprem suas ameaças.

Além disso, 80% das mulheres avaliam que a rede de apoio às vítimas de violência doméstica é insuficiente para atender à demanda.

Essa percepção é reforçada por dados que mostram que 80% acreditam que as autoridades, como a polícia e o sistema de justiça, não lidam com as ameaças de maneira séria.

Outro dado alarmante é que 90% das mulheres afirmam que os casos de feminicídio aumentaram nos últimos cinco anos.

Violência e superação

Zilma Dias, diarista pernambucana, perdeu sua sobrinha Camila, de 17 anos, vítima de feminicídio em 2011.

Camila foi morta a facadas pelo ex-companheiro, com quem teve uma filha. Zilma também vivenciou a violência doméstica por parte de um parceiro, que a isolou de sua família e a impediu de trabalhar.

Ela relata o sofrimento vivido durante o relacionamento, quando não sabia a quem recorrer.

“Eu não sabia a quem recorrer. Deus me livre chamar a polícia. Não contava nem à minha mãe que ele me batia. Quase todos os dias, ficava machucada. Grávida, apanhava. Ele chegou a ir ao médico comigo, eu estava toda machucada e já grávida de oito meses da minha primeira filha. Ele, do meu lado, me cutucando e o médico me perguntando ‘O que foi aquilo [os hematomas e ferimentos]?’ Ele me proibiu de falar. Aí, eu disse ‘Eu caí’. Estava do meu lado me ameaçando”, diz Zilma, que sofreu diversas formas de violência, incluindo psicológica e patrimonial.

A violência só terminou quando ela decidiu romper o relacionamento, após uma agressão pública e promessas do agressor de mudança.

Mesmo após anos de violência, Zilma, com muita dificuldade, conseguiu criar sua filha sozinha.

Rede de apoio às vítimas

A pesquisa completa pode ser consultada no site do Instituto Patrícia Galvão, que também disponibiliza informações sobre os diferentes tipos de violência contra mulheres.

Mulheres em situação de violência podem buscar apoio pelo telefone 180, disponível para denúncias, além de procurar as delegacias especializadas e a Casa da Mulher Brasileira, que tem unidades em várias cidades do país.

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