Após mais de duas décadas de negociações, o Mercosul e a União Europeia (UE) anunciaram, na sexta-feira (6), em Montevidéu, a conclusão de um histórico acordo de livre comércio.

O tratado, que abrange a redução de tarifas de exportação, promete abrir novos mercados para produtos de ambos os blocos, beneficiando um público de mais de 750 milhões de consumidores

O economista Origenes Junior destacou os pontos positivos e negativos do acordo entre o Mercosul e a União Europeia (UE), enfatizando que o Brasil, maior economia do bloco sul-americano, desempenha um papel central nas negociações e nos possíveis benefícios econômicos.

Segundo Origenes, o Brasil, com sua expressiva capacidade de produção e de importação/exportação, seria o maior beneficiado do acordo, embora outros países do Mercosul também possam aproveitar as vantagens.

Ele apontou que a principal força do tratado está no estímulo ao livre comércio, que pode gerar crescimento econômico e aumento das reservas internacionais.

Benefícios para o agronegócio e outros setores

Origenes destacou que o agronegócio é o setor brasileiro que mais se beneficiaria com o acordo, pois já lidera as exportações e é um dos maiores geradores de reservas em dólar no país.

Entretanto, ele observou que existem obstáculos políticos, especialmente envolvendo a França, que busca proteger seu próprio agronegócio, criando barreiras para a conclusão do tratado.

Além do agronegócio, outros setores importantes, como o de commodities — petróleo, mineração e madeira —, também podem ser amplamente beneficiados.

“São produtos de grande interesse para os países da Europa e do mundo todo”, disse o economista.

Impactos para pequenos produtores

Embora o tratado seja amplamente vantajoso, Origenes ressaltou que é essencial implementar políticas econômicas que integrem os pequenos produtores ao processo.

“Se as políticas forem bem aplicadas, podem até agregar valor e fazer crescer esses pequenos produtores”, afirmou.

Ele sugeriu que o governo adote estímulos para que os pequenos produtores adaptem seus produtos aos padrões internacionais e, ao mesmo tempo, fortaleçam o mercado interno.

Isso evitaria a escassez de itens no Brasil e conteria o aumento dos preços, que impacta diretamente os consumidores, principalmente os mais pobres.

Reservas internacionais e economia nacional

Origenes enfatizou que as exportações, majoritariamente realizadas em dólar, são cruciais para fortalecer as reservas internacionais do Brasil, que atualmente estão em níveis históricos.

“Acordos como o do Mercosul-UE são altamente favoráveis para países que dependem de reservas internacionais para equilibrar suas contas”, disse ele.

Por fim, o economista reforçou que o acordo é benéfico para o Brasil como um todo, desde que superados os entraves políticos e garantida a inclusão de todos os setores produtivos.

“Acordos internacionais como esse aumentam a atividade econômica, impulsionam a produção nacional e trazem benefícios para toda a população”, concluiu.