Com informações da AFP
PEQUIM – O Ministério do Comércio da China anunciou, nesta sexta-feira (27), que deu início a uma investigação sobre a carne bovina que é importada pelo país, especialmente a procedente do Brasil, da Argentina e da Austrália. A investigação está sendo feita a pedido de representantes da indústria chinesa, que enfrenta dificuldades.
O preço da carne bovina no mercado local chinês está em tendência de queda nos últimos anos. Os analistas chineses culpam o excesso de oferta e a falta de demanda como responsáveis pelo fenômeno, em um momento em que a segunda maior economia do mundo registra uma desaceleração.
Mercado fundamental
As importações de carne pela China aumentaram consideravelmente no período, e o país representa um mercado muito importante para o Brasil, a Argentina e a Austrália.
O pedido formulado pelas associações nacionais chinesas ao Ministério de Comércio destacou que o forte aumento das importações de carne bovina nos últimos anos “teve impacto negativo significativo na indústria nacional”. No ano passado, a China chegou a suspender temporariamente as importações de carne bovina por causa do registro de um caso da doença da vaca louca no Pará.
Segundo o comunicado, as importações de carne bovina pela China cresceram 65% entre os anos de 2019 e 2013. A investigação do Ministério do Comércio entra em vigor nesta sexta-feira e deve durar oito meses, mas “poderá ser prorrogada adequadamente em circunstâncias especiais”, afirma o anúncio.
Segundo o ministério, o comércio normal entre os países investigados não será afetado durante o período da investigação.
Governo Brasileiro emite nota
No Brasil, os ministérios da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Reforma Agrária, das Relações Exteriores (MRE) e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) e emitiram nota conjunta a respeito do processo de investigação chinês. Veja a íntegra:
“A investigação, aberta na data de hoje (27/12), abrange todos os países exportadores de carne bovina para a China e deverá analisar o período que compreende o ano de 2019 até o primeiro semestre de 2024. A investigação deverá ter a duração de oito meses. Não há, em princípio, a adoção de qualquer medida preliminar, permanecendo vigente a tarifa de 12% “ad valorem” que a China aplica sobre as importações de carne bovina.
A China é o principal destino das exportações brasileiras de carne bovina, consolidando-se nos últimos anos como o maior parceiro comercial do Brasil em proteínas animais. Em 2024, as exportações brasileiras de carne bovina para o país somaram mais de 1 milhão de toneladas, representando aumento de 12,7% em relação ao mesmo período de 2023.
Durante os próximos meses, e seguindo o curso e os prazos legais da investigação, o governo brasileiro, em conjunto com o setor exportador, buscará demonstrar que a carne bovina brasileira exportada à China não causa qualquer tipo de prejuízo à indústria chinesa, sendo, pelo contrário, importante fator de complementariedade da produção local chinesa.
O governo brasileiro reafirma seu compromisso em defender os interesses do agronegócio brasileiro, respeitando as decisões soberanas do nosso principal parceiro comercial, sempre buscando o diálogo construtivo em busca de soluções mutuamente benéficas.”