Uma celebração ecumênica foi realizada nesta quarta-feira, 4, às 09h30, na sede do Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental (SARES), localizado na Rua Leonardo Malcher, 375, Aparecida.
Participaram do evento a Arquidiocese de Manaus, Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Conselho Nacional das Populações Extrativistas, Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação (SARES) e Articulação das Pastorais do Campo. Além de familiares das vítimas e representantes dos povos indígenas.
O conflito no rio abacaxis teve o envolvimento da Polícia Militar, resultou na morte de dois indígenas Munduruku e três ribeirinhos e no desaparecimento de dois adolescentes, além de diversos relatos de tortura e perseguição.
A sociedade civil e representantes de vários órgãos denunciaram que a de ausência de respostas aos processos judiciais instaurados e às investigações do massacre ocorrido em agosto do ano passado, nas comunidades ribeirinhas e indígenas das Terras Indígenas (TIs) Maraguá e Coatá-Laranjal e da região dos rios Abacaxis e Marimari, nos municípios de Borba e Nova Olinda do Norte (AM).
Pe. Paulo Tadeu Barausse, cooordenador do Sares pede celeridade nas investigações do massacre. “Se passou um ano, poucas coisas foram encaminhadas, principalmente em relação a investigação. Queremos, mais uma vez, repudiar a maneira arbitrária e truculenta das ações da polícia militar. Esse momento somos solidários com os familiares que choram com a perda dos seus entes queridos e exigir do Ministério Público Federal, Polícia Federal e do governo uma resposta. Não é primeira vez que isso acontece”, explanou
Seminário
Além da celebração foi realizado um Seminário virtual com o tema “Um ano do massacre do Abacaxis: Haverá justiça?”. Nele foram apresentadas duas mesas de diálogo com lideranças indígenas e de comunidades ribeirinhas da região, pela manhã; e a segunda, pela tarde, com a participação de autoridades responsáveis pelo acompanhamento e pela apuração do caso.
O objetivo do Seminário é dar visibilidade à luta das comunidades por justiça no caso, para que a impunidade não impere em mais esse crime contra as populações tradicionais e indígenas. Ouvir os representantes indígenas e ribeirinhos que foram afetados pelo massacre e ouvir os órgãos públicos, assim como seus esclarecimentos sobre o andamento das investigações e dos processos judiciais, são prerrogativas importantes para a elucidação dos fatos e a punição dos criminosos.
Memória dos fatos
Já há anos existem conflitos entre invasores e as comunidades locais do rio Abacaxis, mas o mês de julho de 2020 foi um marco nesse conflito, quando moradores das comunidades ribeirinhas da região denunciaram um grupo de turistas que, em plena pandemia e sem o devido licenciamento dos órgãos ambientais, tentava realizar pesca esportiva na região. O então secretário-executivo do Fundo de Promoção Social do Governo do Amazonas, Saulo Moysés Rezende Costa, estava entre os turistas e, no conflito, afirma que sofreu um tiro no ombro. Os turistas saíram da região sob protestos e Saulo ameaçou retornar em retaliação.
No dia 3 de agosto de 2020, uma movimentação perigosa se instaurou nas comunidades. Policiais Militares do Comando de Operações Especiais (COE) chegaram armados e sem identificação. A presença deles gerou tensão e deflagrou o conflito, resultando na morte de policiais e com outros dois feridos. No dia seguinte, aproximadamente, 50 policiais militares foram enviados ao rio Abacaxis pela Secretaria de Estado de Segurança Pública.
*Com informações da assessoria