O Amazonas registrou a morte de 20 crianças, de janeiro a meados de março de 2022, em decorrência de gastroenterocolite aguda, doença também conhecida “GECA”.

No mesmo período, o estado identificou 43.293 casos.

A capital amazonense lidera o número de infectados, com 16.570 crianças que apresentaram sintomas da doença.

No interior, Tefé é o município com mais casos registrados, 2.705, seguido por Jutaí, com 1.606.

Os dados são da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Drª Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP).

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Diagnóstico

O diagnóstico da doença ocorre em grande parte em crianças.

O exame clínico de um médico consegue identificar o problema.

A médica Adriana Taveira, gastropediatra, afirma que a gastroenterocolite aguda é a principal causa de mortalidade infantil no mundo.

“Ela é causada por vários patógenos como vírus, bactérias e endoparasitas. Os sintomas podem estar associados a vômitos, náuseas, febre e diarreia”, explica. 

Um dos sintomas da GECA é a diarreria que pode durar de 3 a 14 dias. Na grande maioria das vezes é tratada mantendo a criança bem alimentada e hidratada.

“É muito importante estar atento aos sinais de risco e perigo. Se eu tenho uma criança com estado de diarreia e ela está com ‘queda do estado geral’, muito molinha, deve ser levada imediatamente ao pronto-socorro para avaliar se ela não está tendo complicações, como um quadro séptico e disseminado da infecção do intestino. Se as fezes estão com bastante muco e/ou sangue precisa ser tratada com antibiótico”, alerta a gastropediatra.

O grupo de risco da doença abrange crianças desnutridas, imunosuprimidas e menores de seis meses de idade. São elas que têm risco maior de apresentar sintomas graves. Nesse grupo, pode haver necessidade de exames laboratoriais para uma investigação mais ampla.

Se uma diarreia persiste por mais 14 dias é necessário que as crianças sejam avaliadas por um médico.

“Se eu tenho uma criança que tem diarreia por mais 14 dias, ou tem sempre episódios repetidos da doença, é preciso que seja investigado o que está acontecendo com o intestino dela, se há alguma outra doença associada. A diarreia persistente é uma das principais causas de óbito da diarreia aguda”, ressalta Adriana Taveira.

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Doença e tratamento

A gastroenterocolite é uma irritação e inflamação do tubo digestivo, incluindo o estômago e o intestino. 

As causas mais comuns são agentes virais, bactérias, parasitas e as intoxicações alimentares. As queixas incluem diarreia, dor abdominal, cólicas, náuseas e vómitos.

A médica Adriana Taveira orienta pais e responsáveis sobre a alimentação de uma criança que enfrenta o problema.

“É muito importante que a criança que esteja com diarreia se mantenha bastante hidratada e alimentada. Uma boa estratégia é oferecer pequenas quantidade de comida, várias vezes ao dia. Deve-se evitar diluição dos alimentos, porque duas metas importantes durante a doença é não deixar a criança desidratada e desnutrida”, resalta.

A gastropediatra lembra que durante os sintomas da doença é importante que os pais e responsáveis não mudem drasticamente a alimentação.

“Deve evitar mudanças muitos radicais na alimentação, porém a criança não deve ingerir salgadinhos e refrigerantes. Não se tira lactose, só se for identificado que há lesão. Fora isso, pode manter a oferta do leite, que é rico em nutrientes”, disse.

Alguns sinais que ajudam a identificar a desnutrição em crianças são: chorar sem lágrimas, olhos sem brilhos, boca sem saliva, ausência de vontade de urinar ou urina muito escura. 

Prevenção

Segurança alimentar e cuidados com a água são fundamentais para a prevenção da diarreia aguda.

O rotavírus é uma das causas da GECA. Duas doses de vacina também podem ser administradas em crianças de até seis meses.

“Há vacinação para o rotavírus, além disso deve manter a higiene adequada dos alimentos consumidos em casa e na rua. Lave corretamente as mãos, e o manejo adequado do lixo evita que os alimentos e água sejam contaminados”, conclui a Dra. Adriana Taveira.

 

Dados

Desde 2019, o estado do Amazonas registrou 404 óbitos por diarreia e GECA. Desse total, 142 ocorreram em 2019, 125 em 2020, 117 em 2021 e 20 de janeiro até 15 de março deste ano.

Juruá é o município que apresenta o menor número de casos, 25.

Dos mais de 43 mil casos deste ano, 53% dos infectados com a doença são crianças acima de 10 anos.

Em 2021, foram registrados 169.456 mil casos.

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