O câncer de testículo corresponde a 5% do total de casos de câncer entre os homens.

Embora seja um tipo raro de tumor quando consideradas todas as idades, o câncer testicular é mais comum entre homens em idade produtiva, entre 15 e 50 anos, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca).

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O urologista Giuseppe Figliuolo, especialista em uro-oncologia no Inca e que também atua na Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), explica que o câncer de testículo, como a maioria dos cânceres, é um tumor silencioso no início que não costuma causar dor. Porém é necessário ficar atento a alguns sinais que podem indicar a condição.

“O câncer de testículo aparece como um nódulo, um endurecimento e um aumento de volume progressivo na região dos testículos. O indivíduo consegue, às vezes, perceber até no banho, quando ele está fazendo a higiene pessoal, que há um nódulo dentro do testículo, um caroço e aquilo está crescendo, e às vezes não dói. Vale a pena procurar um urologista, sobretudo um indivíduo jovem, porque esse tumor acomete mais indivíduos na faixa etária precoce, entre os 15 e 40 anos”, explicou o urologista.

Outros sintomas que podem ser indícios para o câncer são: aumento ou redução do tamanho dos testículos, dor abaixo do abdômen, sangue na urina, sensibilidade nos mamilos, perda do desejo sexual, crescimento de pelos faciais e corporais em meninos muito jovens e dor lombar. 

Os fatores de risco para o tumor muitas vezes estão relacionados com histórico familiar do câncer de testículo e o mais comum é a criptorquidia, isto é, a permanência do testículo fora da bolsa escrotal depois do nascimento.

Na infância, o exame com pediatra pode verificar se ocorreu normalmente a descida dos testículos.

Ao todo, são 74 mil novos casos anuais de câncer de testículo no mundo (35 mil deles entre 15 e 34 anos).

O Brasil registra a maior incidência de câncer de testículo da América Latina, com 3,3 mil novos casos anuais, segundo dados da Globocan 2020, da Agência Internacional para Pesquisa do Câncer da Organização Mundial da Saúde (Iarc/OMS).

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Diagnóstico e tratamento

O médico explica que a principal recomendação, em caso do surgimento dos primeiros sintomas, é procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS) para avaliação com um urologista, que pode solicitar exames para o laudo.

Segundo Giuseppe Figliuolo, quanto mais cedo for feito o diagnóstico, maiores são as chances de cura com o tratamento adequado.

“Quando é feito o diagnóstico na fase inicial, que é um pequeno nódulo, o ideal é fazer a remoção cirúrgica. Às vezes, até você consegue preservar o testículo, porém, quando o nódulo já está um pouco maior, tem que ser feita a remoção do testículo. Felizmente, o homem tem dois, mas o ideal é o diagnóstico em uma fase o quanto antes para que a chance de cura seja maior. Quando a gente pega no estágio inicial e você consegue fazer uma cirurgia com remoção completa do nódulo, a chance de cura é acima de 90%”, explicou o especialista.

Em casos em que a fase de descoberta da doença não é feita precocemente, a doença pode se espalhar e comprometer órgãos como o fígado, pulmão e cérebro.

Nestes casos, ainda é possível obter a cura por meio da cirurgia pra remoção do tumor associada à quimioterapia ou radioterapia.

Relação com o esporte

A campanha Abril Lilás, que enfoca a conscientização do câncer de testículo, tem como um dos objetivos contribuir com a desmistificação da ideia que associa o desenvolvimento do câncer de testículo com a atividade física.

O médico Giuseppe Figliuolo enfatiza a importância de não se acreditar nessa inverdade científica.

“Isso é uma lenda, a gente costuma ouvir isso, mas é porque os jogadores de futebol, normalmente, são indivíduos jovens, que estão nessa faixa etária, entre 20 e 40 anos, que é a faixa em que o câncer de testículo tem mais predominância. Mas não tem relação direta com a prática de esporte, não adianta você dizer porque o indivíduo joga a bola, tomou uma bolada e vai ter câncer de testículo. É claro que tem que evitar traumatismo, evitar bater por outras situações, mas não que isso vai levar a câncer”, reforçou o médico.

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