A Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM) mostrou, nesta segunda-feira (14), na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-27) como as alterações no clima, especialmente as enchentes, afetam diretamente o cotidiano dos vulneráveis na Amazônia e comprometem o acesso a direitos básicos como o consumo de água potável, alimentação e moradia digna.

+ Envie esta notícia no seu WhatsApp

+ Envie esta notícia no seu Telegram

DPE-AM na COP-27

O debate foi realizado em Sharm El-Sheik, no Egito, no painel “REDD+ no Amazonas: Sustentabilidade e Garantia dos Direitos dos Povos Tradicionais”, no espaço Hub Amazônia, na Blue Zone.

“O mundo precisa estar consciente disso: os mais vulneráveis, os povos tradicionais, indígenas, caboclos, ribeirinhos e aqueles que vivem nas periferias são as principais vítimas das tragédias climáticas na Amazônia”, disse Ricardo Paiva, da DPE-AM.

O defensor público geral chamou a atenção para os impactos das mudanças climáticas para vulneráveis na Amazônia.

“Vimos de perto como as alterações climáticas se transformam em tragédia na vida de milhares de pessoas. Para idosos, crianças e pessoas com deficiência essa tragédia é potencializada em último grau”, sustentou Ricardo.

Em 2021, o Grupo de Trabalho Enchentes, da DPE-AM, reuniu defensoras e defensores públicos para atuar na capital e no interior do Amazonas a fim de auxiliar famílias afetadas pela enchente, que naquele ano foi recorde. Em Manaus, o nível do rio Negro alcançou 30,02 metros, o maior da história desde o início dos registros, em 1902.

RELACIONADAS

+ COP-27: Lula vai à conferência no Egito nos dias 17 e 18 de novembro

+ COP27: pacto de solidariedade climática é defendido pela ONU

+ COP 27: estudante indígena do AM é escolhida para evento, no Egito

COP dos Vulneráveis

Na avaliação do coordenador de Projetos e Programas da Defensoria Pública do Estado do Amazonas, Rodolfo Lôbo, que acompanha Ricardo Paiva na missão oficial, a participação de uma Defensoria na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, pela primeira vez, é essencial para chamar a atenção sobre o acesso à justiça na Amazônia.

Ele lembrou que a atual conferência também ganhou no nome de “COP dos Vulneráveis” porque o mundo já está se conscientizando sobre as consequências das tragédias climáticas para os mais vulnerabilizados.

“A DPE-AM se coloca como ator construtivo na justiça climática, para facilitar o diálogo entre povos tradicionais e os governos”, disse Rodolfo Lôbo.

Justiça Climática

Este mês, a DPE-AM reuniu representantes de lideranças indígenas, ribeirinhas e pesquisadores ambientais para discutir sobre os impactos das mudanças climáticas na Amazônia. Os relatos foram levados à COP-27.

Na ocasião, Samela Sateré Mawé, comunicadora e ativista ambiental, disse que a discussão sobre a Amazônia e as mudanças climáticas precisam destacar os impactos sofridos pela população que vive na região.

“Em grandes secas e cheias dos rios, a gente perde grande parte da nossa plantação, passa fome, sede. A gente passa a se alimentar, por exemplo, de carne, salsicha, que não fazem parte da nossa cultura e da nossa identidade.

No mundo afora, as pessoas falam sobre ‘Amazônia’, mas pouco se sabe do que vivemos aqui, inclusive das problemáticas que enfrentamos”, disse, durante o evento “Justiça Climática”.

A líder indígena do povo Witoto, Vanda Ortega, destacou os direitos fundamentais dos povos tradicionais e lembrou que o Amazonas está localizado na região de maior bacia hidrográfica do mundo e que, mesmo assim, há falta de água potável para diversos povos.