Nos últimos quatro anos, cerca de 339 pessoas morreram em acidentes de trânsito no Amazonas.
Desse total, 59,7% das vítimas de acidentes eram homens e condutores de veículos, segundo dados do Registro Nacional de Acidentes e Estatísticas de Trânsito divulgados diariamente no site do Ministério da Infraestrutura.
Os adultos são a maioria das vítimas de acidentes. No estado, 23,1% dos acidentados tinham entre 30 a 44 anos.
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Em seguida figuram os jovens de 18 a 29 anos, que representaram 11,5% dos acidentados.
Já em relação a mortes, os jovens são 17,2% das vítimas no Amazonas.
A porcentagem de óbitos entre as faixas etárias de 25 a 29 anos e 30 a 34 anos são bem próxima, 14,3% e 13,0%. A diferença é de apenas 1,3%.
A morte de idosos entre 60 a 69 anos foi de 3,9%.
De acordo com o Registro Nacional de Acidentes e Estatísticas de Trânsito, 2020 foi o ano com maior número de mortes no trânsito no Amazonas.
A capital detém o primeiro lugar com 300 mortes nesses quatros anos.
Evolução
Os avanços da tecnologia no mundo ainda não possibilitaram mudar essa realidade que não é particular apenas do Amazonas.
Pesquisadores e empresas vêm investindo tempo e dinheiro na busca por um trânsito mais seguro.
Infelizmente, a evolução e a redução dos custos de equipamentos de segurança não ocorrem na mesma proporção de aumento da demanda de usuários.
Muitos acessórios e equipamentos criados até aqui ainda estão longe da realidade financeira da grande maioria.
Diante disso, não é difícil enxergar que ações voltadas para a educação no trânsito ainda são as melhores alternativas quando o assunto é evitar acidentes ou preservar vidas.
O Portal Norte reuniu algumas iniciativas que corroboram com essa definição.
As próximas linhas destacam o que vem sendo apresentado ao mundo em termos de praticidade e inovação no campo da segurança de motoristas e pedestres.
O cinto que salva
Antes de elencar projetos da atualidade, vale lembrar uma curiosidade sobre o velho e bom cinto de segurança.
Comum e presente em diferentes veículos, ele foi criado em 1959.
O responsável foi o engenheiro sueco Nils Bohlin, quando ele trabalhava na Volvo.
Após a criação, a empresa ofereceu gratuitamente ao mercado a patente do cinto de segurança de três pontos.
A inovação, até hoje, continua salvando a vida de condutores e passageiros.
Tecnologias passivas e ativas
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, na questão da segurança veicular é possível separar os tipos de tecnologias em dois grupos: as que promovem segurança ativa e que as promovem segurança passiva.
As tecnologias que promovem segurança ativa é todo aparato tecnológico que evita que o acidente ocorra.
As que promovem segurança passiva são sistemas que evitam maiores danos aos envolvidos no acidente, como cintos de segurança e airbags.
Apesar de ser essencial e vital para a segurança no trânsito, muitas tecnologias desenvolvidas atualmente são caras e pouco acessíveis.
Destacamos aqui a mochila airbag, os carros autônomos e a implantação de novos tecnologias com a ajuda do 5G.
O tão falado 5G já é realidade e as grandes cidades, aos poucos, fazem uso dessa evolução que tem tudo para ser um divisor de tempo em se tratando de tempo.
5G além do celular
Assim como em outras áreas, o 5G é uma tecnologia importante para a sequência do projeto das cidades inteligentes.
Dentro delas, uma das principais aplicações do 5G ocorre em projetos para melhorar as condições e segurança no trânsito.
De acordo com Sérgio Abreu, gerente técnico do Instituto de Desenvolvimento Tecnológico (INDT), em Manaus, o 5G possibilita uma maior quantidade de conexão entre dispositivos.
Com ele, há possibilidade de equipamentos de trânsito trocarem informações entre si para melhorar a eficiência, as condições e a sustentabilidade no vai e vem de veículos.
“Exemplo: ao passar por uma rua ou avenida conectada, o carro vai se conectar com os dispositivos que estão em volta da avenida e do semáforo. O veículo se conectará com câmeras, lâmpadas inteligentes, e você terá informações de condições mais apuradas do trânsito que dará mais segurança e mais fluidez”, disse Abreu ao Portal Norte.
Ele destaca que muitas cidades no mundo estão fazendo parte de projetos-piloto simulando o comportamento do 5G e diferentes itens de trânsito.
O monitoramento do transporte público é um exemplo de como a tecnologia 5G já ajuda a promover melhorias sensíveis nas cidades que vão além do trânsito.
“A condição de monitoramento do transporte público, com câmeras internas de alta resolução localizadas dentro de ônibus, metrô, permite o monitoramento de condições de emergência e de segurança. Essas imagens são disponibilizadas pelo departamento de segurança pública, na qual permite ações mais rápidas para evitar problemas e acidentes”, explicou.
Semáforos inteligentes
Outro projeto que também deve ajudar na fluidez e segurança de trânsito são os semáforos inteligentes.
O equipamento tem as luzes dos semáforos tradicionais, mas opera com um sistema automatizado.
Esse sistema pode ser conectado via 5G e outros softwares.
O semáforo inteligente funciona conforme as demandas de tráfego das vias na cidade.
“Esses semáforos têm uma atuação coordenada, diferente dos que nós temos hoje, e se adaptam às condições de temporização de fluxo de acordo com a condição do trânsito real. Ele [semáforo] não terá mais aquela janela de tempo congelada, de um minuto ou dois de espera. Ele vai se adaptando a medida que o trânsito vai fluindo. O semáforo vai se adaptando para que tenha um trânsito com maior fluidez”, explicou Sérgio Abreu.
Essa tecnologia já está em teste em várias cidades do mundo e do Brasil também.
Em Campinas, no estado de São Paulo, a gestão municipal gastará em média R$ 96 mil para implantação de semáforos inteligentes em cinco cruzamentos da cidade.
Cada cruzamento semaforizado recebeu três câmeras compradas por polos geradores de tráfego como contrapartida pela instalação de empreendimentos na cidade.
O semáforo inteligente pode variar de valor, dependendo de suas funcionalidades.
Um exemplo é no Campos da Universidade de São Paulo.
O campus da USP Butantã terá a implantação de dois projetos-pilotos de Internet das Coisas (IoT) em segurança e mobilidade urbana.
Os projetos, que vêm sendo desenvolvidos pelo Laboratório de Sistemas Integráveis Tecnológico (LSI-TEC), serão viabilizados com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) da ordem de R$ 5,3 milhões.
Carros autônomos
Os carros autônomos talvez sejam a tecnologia que mais gera expectativa para o trânsito de veículos no planeta.
Seja pela praticidade de deixar um computador “se estressar sozinho” no trânsito, ou, principalmente, pela segurança na condução de carros e caminhões.
Sem a interferência humana, a tendência é a redução drástica no número de colisões, por exemplo.
“O veículo poderá detectar se tem um ciclista próximo, que há um pedestre atravessando uma faixa de pedestre. Quando você conecta isso, você evita acidentes. Esse veículo pode se conectar com outros carros para evitar colisões, ao conectar informações do carro que está na frente e atrás. É uma possibilidade, inclusive, que o 5G traz”, destacou Sérgio Abreu, do INDT.
Um dos carros autônomos mais conhecidos no momento é o da Tesla.
O valor mínimo para aquisição do veículo Modelo S Plaid é de US$ 94.990, quase R$ 500 mil.
A empresa cobra separadamente pelo piloto automático cerca $ 6.000, mais de R$ 30 mil.
Alerta de colisão
As montadoras de veículos têm se aprimorado em tecnologias para prevenção de acidentes.
O alerta de colisão e o detector de calor são equipamentos já disponíveis em veículos vendidos no Brasil.
A Volvo tem carros que vem com sensores e câmeras que monitoram e avisam o motorista por meio de alerta visual e sonoro de uma possível colisão.
“Avisador de colisão com travão automático e detecção de ciclistas e peões é um meio auxiliar para assistir o condutor perante o risco de colisão contra um peão ou contra um ciclista ou um veículo que esteja parado ou que conduza na mesma direção”, descreve a empresa no site de vendas do veículo.
O veículo Volvo XC6, que já vem com essa função, custa no Brasil R$ 399.950,00.
City Airbag
Um avanço importante para quem é motociclista é o airbag desenvolvido a esse público.
O City Airbag faz parte das opções já disponíveis no mercado.
Ele foi criado pela empresa italiana Motoairbag e tem custo mínimo de 429 euros, cerca de R$ 2.400 sem considerar impostos e frete.
A proposta oferece proteção com airbags embutidos em mochilas e jaquetas.
Alguns modelos como o MABS V4 inclui ainda a detecção de colisão Fast Lock com acelerômetro analógico.
Esse modelo mais caro custa em média 749 euros, mais de R$ 4 mil reais.
Funcionamento
O acessório é de fato uma mochila.
Tem dimensões com compartimento para transportar um laptop de até 17 polegadas, entre outros itens.
Em relação aos demais, a diferença é o seu dispositivo de airbag embutido.
O item de segurança fica situado na parte de trás da mochila.
O saco com capacidade de 15 litros infla em caso de necessidade, levando o tempo de apenas 80 milissegundos para abrir.
A ativação do airbag acontece por meio do sistema chamado de Fastlock, uma patente da Motoairbag.
O sistema é um cordão que fica sempre preso à motocicleta e é acionado em caso de queda ou acidente.
Ao ser inflada, a mochila protege as costas, além da região cervical.
O City Airbag pode ser recarregado pelo próprio usuário e pode ser reutilizado novamente.
Mais abaixo, você assiste ao vídeo demonstrativo do airbag para motociclistas.
Fomento de tecnologia
O gerente Sérgio Abreu chama atenção para o apoio do poder público no uso das novas tecnologias.
Ele lembra que o grande público só terá acesso ao novo se houver também o investimento dos governos federal, estadual e municipal.
“É necessário o fomento público, que tenha mais projetos tecnológicos na capital e no interior para poder começar a colher os frutos que ela traz”, concluiu.
Ações de educação no Trânsito
Enquanto as novas tecnologias não chegam ou as que já existem seguem distantes do poder aquisitivo da população, a educação para o trânsito demonstra que é uma ação que jamais será substituída.
Seja pela consciência assegurada a motoristas e pedestres e também o menor impacto financeiro que causa no acesso.
A educação no trânsito que evita acidentes é a mesma que impede gastos com prejuízos e sequelas oriundos da verdadeira guerra muitas vezes assistida nas ruas.
IMMU
Na capital, o Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU) desenvolve três projetos de conscientização e prevenção de acidentes.
Somente em 2022, o órgão municipal realizou 210 ações em todas as zonas da capital.
Os projetos realizados na capital são: “Mobilidade com Responsabilidade”, “Mobilidade com Responsabilidade” e “Humaniza Trânsito”.
No projeto “Mobilidade com Responsabilidade”, motoristas, profissionais ou não, foram sensibilizados para a prática do comportamento seguro ao volante.
A ação contabiliza mais de 5,7 mil condutores capacitados e cerca de 164 turmas alcançadas.
O projeto “Mobilidade com Responsabilidade” desenvolve o tema trânsito no dia a dia das escolas, com apoio do lúdico, de jogos e brincadeiras para falar de comportamento seguro e regras de convívio com o trânsito.
O projeto conta com a parceria da Secretaria Municipal de Educação (Semed) e tem adesão de mais de 90% das escolas do município.
Já por meio do projeto “Humaniza Trânsito”, o instituto visa educar para a segurança no trânsito os vários segmentos da sociedade, sendo levado às secretarias municipais e estaduais e empresas do Polo Industrial de Manaus.
O projeto estimula o tema trânsito no cotidiano das pessoas, favorecendo a construção da cidadania e um trânsito mais seguro.
Técnicos do órgão também desenvolvem o projeto “Atravesse na faixa”.
Nele, pedestres são orientados durante a travessia de ruas.
“A educação para o trânsito também é prevenção e é um importante fator para evitar acidentes. Quanto mais pessoas participarem das palestras e acompanharem nossas ações, o benefício para a segurança do trânsito será cada vez melhor. O trânsito faz parte da vida. Se todo mundo participar, se cada um fizer um pouco, teremos um trânsito muito melhor”, comentou a chefe do setor de Educação do IMMU, Hanara Souza.
Detran
No Amazonas, o Departamento Estadual de Trânsito (Detran-AM) desenvolve campanhas em diferentes momentos do ano.
Carnaval, Maio Amarelo e as festividades de final ano, com Natal e Ano Novo, são exemplos de iniciativas voltadas para prevenção de acidentes e mortes.
O Órgão também possui a campanha “educar para o trânsito”, onde equipes ministram palestras para empresas de ônibus e trabalham a educação dentro das escolas, para crianças e adolescentes.