Os rios Negro e Solimões, assim como outros cursos d’água do Amazonas monitorados pela Agência Nacional de Águas (ANA), apresentam uma elevação no nível das águas pela segunda semana consecutiva, após a maior seca já registrada na região.

Em Manaus, o rio Negro registrou, nesta quarta-feira (23), um aumento de quatro centímetros, alcançando a cota de 12,50 metros.

O nível representa uma recuperação em relação à marca mínima registrada no dia 9 de outubro, quando o rio atingiu 12,11 metros, o menor índice em 122 anos de medições no porto da cidade.

Após esse ponto crítico, o rio permaneceu estável por quatro dias. No entanto, a partir de 13 de outubro, o nível das águas começou a subir de maneira contínua. Dessa forma, a calha acumulou uma elevação total de 39 centímetros nos últimos onze dias.

Por sua vez, o rio Solimões, que desempenha um papel importante no ciclo hidrológico do rio Negro, apresentou um aumento de 15 centímetros na última segunda-feira (21), embora ainda se encontre em uma cota negativa de -1,21 metros.

Ademais, a medição, realizada na régua instalada no município de Tabatinga, já supera a marca anterior de -1,56 metros.

Seca histórica do Rio Negro

Antes do atual recorde, de 2024, considerava-se a pior seca dos rios amazônicos a de 2023. No ano passado, o Rio Negro chegou a 12,70 metros no dia 26 de outubro. Por outro lado, na atual seca, o recorde foi quebrado com muitos dias de antecedência, no dia 4 de outubro.

Cinco dias depois, as águas escuras desceram até atingir a pior marca da história, os 12,11 metros. Apesar do cenário crítico de estiagem, tudo indica que a recuperação em 2024 seja mais rápida do que em 2023.

Atenção à elevação do nível do rio

Se a tendência de aumento continuar, o rio terá iniciado seu processo de cheia 17 dias antes em comparação ao ano passado. Em 2023, o rio permaneceu em níveis críticos até o dia 26 de outubro, quando registrou a cota histórica de 12,70 m.

Outro aspecto a ser destacado é o fenômeno do repiquete observado na seca do Rio Negro de 2023. Após 12 dias de subida, o rio experimentou uma queda abrupta em seu nível, que iniciou em 8 de novembro, quando a cota foi de 13,22 m no dia anterior, caindo para 13,20 m.

Por fim, o processo de descida durou nove dias, até que o nível chegou a 12,96 m em 16 de novembro, o que sinalizou o início da enchente.

Calhas de rios apresentam tendência de cheia

Conforme dados da Agência Nacional de Águas (ANA), os principais rios da bacia Amazônica, como o Solimões na região de Tabatinga, apresentam uma tendência de término do período de vazante.

O aumento do nível do Solimões na área de fronteira é crucial para o ciclo hidrológico do rio Negro. Quando as águas do Solimões chegam a Manaus, no Encontro das Águas, ocorre um represamento das águas negras. Dessa forma, a condição pode facilitar o início do período de cheia na capital.