Uma manifestação em apoio à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que propõe o fim da escala de trabalho 6×1 mobilizou ativistas e movimentos sociais na manhã desta sexta-feira (15), na Avenida Autaz Mirim, no bairro Novo Aleixo, zona Leste de Manaus.
O ato, que teve início às 9h, reuniu trabalhadores, ativistas, movimentos sociais e defensores em frente à loja Salmo 91. Na ocasião, destacaram a importância da manifestação para reforçar mudanças nas condições de trabalho em todo o Brasil.
A PEC, que propõe uma revisão na jornada de trabalho, visa reduzir a carga horária da escala 6×1, onde os trabalhadores têm um dia de descanso a cada seis dias de trabalho.
Para os manifestantes, essa rotina é prejudicial à saúde física e mental dos trabalhadores, além de afetar diretamente a qualidade de vida de suas famílias.
Escala 6×1
A liderança indígena e ativista, Vanda Witoto, esteve presente no ato e destacou, em entrevista ao Portal Norte, a importância da manifestação para a melhoria das condições de trabalho.
“A gente vê um índice elevadíssimo de pessoas com burnout, doenças desenvolvidas pelo estresse no ambiente de trabalho. E além disso, temos apenas um dia para estarmos em casa com nossas famílias. Para nós, mulheres, essa escala é extremamente opressiva, pois massacra nossa vida familiar”, afirmou a ativista.
Além disso, Witoto que também é defensora dos direitos das mulheres, alertou sobre os impactos da escala 6×1, especialmente no contexto familiar.
“É muito difícil deixar nossos filhos nas mãos de pessoas que, às vezes, não conhecemos. Isso coloca em risco a vida de nossas crianças e a segurança delas. A saúde física e mental dos trabalhadores também é afetada, e eu acredito que a redução dessa carga horária trará mais produtividade, pois o corpo humano não é uma máquina e precisa de descanso”, completou a liderança indígena.
Manifestação
Entre os participantes, muitos relataram suas experiências e destacaram a importância de continuar o debate sobre as condições de trabalho no Brasil.
A professora e artista Raiana Pinheiro da Silva foi uma das que compartilharam suas perspectivas. Ela ressaltou que o movimento é fundamental para dar visibilidade ao problema e garantir que o tema continue sendo discutido.
“Isso me pega muito, pois penso muito nos meus pais. Meu pai trabalha até nos fins de semana. Esse ato é importante por questões de sobrevivência mesmo. O fim dessa escala é uma questão de diálogo e de tempo para viver de maneira digna”, refletiu Raiana.
Marcelo Rosa, líder e fundador do grupo de manifestação afro-brasileira Pedra Encantada, também se fez presente no ato e abordou os aspectos históricos da escala 6×1, ressaltando seu impacto.
“Como um grupo de manifestação afro-brasileira, sabemos que a escala 6×1 afeta principalmente as pessoas pretas que trabalham sob essa jornada. Isso é um resquício do pior momento da nossa história, o período da escravidão”, declarou Marcelo.