O projeto Amazônia Revelada, conta com a tecnologia Lidar (Light Detection and Ranging) que é liderada pelo arqueólogo Eduardo Góes Neves, da USP. O drone revela, com precisão, estruturas ocultas sob a floresta.
O Lidar permite reconstruir com detalhes a imagem tridimensional da estrutura de uma floresta, com seus troncos, ramos e folhas, e também enxergar o que está abaixo dela.
A iniciativa reúne pesquisadores e comunidades tradicionais se uniram em Manaus para explorar o passado e proteger o futuro da Amazônia.
O encontro da Amazônia Revelada, realizado no Museu da Amazônia (Musa), destacou importantes descobertas. Essas revelações reforçam a Amazônia como um patrimônio biocultural, moldado por mais de 13 mil anos de história.
O projeto tem sede no Musa, criado pelo físico Ennio Candotti e instalado desde 2011 em uma área de 100 hectares (ha) na Reserva Florestal Adolpho Ducke, na borda da capital amazonense. Em espaços integrados à floresta, o museu exibe aspectos da flora, da fauna e da população humana da região.
Passado de indígenas ancestrais
A técnica Lidar, que virtualmente remove a vegetação e expõe o solo, tem desvendado geoglifos, vilas antigas e valas conectadas a ocupações indígenas ancestrais.
Por exemplo, no Acre, geoglifos de grandes dimensões foram mapeados. Em Rondônia, surgiram vestígios de uma vila portuguesa, próxima à fortaleza Príncipe da Beira.
Esses achados evidenciam a profundidade histórica da Amazônia, moldada tanto pela natureza quanto pelos povos indígenas. Além disso, o projeto prioriza a ciência colaborativa, envolvendo diretamente as comunidades locais.
Arqueologia
Os conhecimentos indígenas orientam os pesquisadores, conduzindo-os a locais ricos em história e, assim, auxiliando na interpretação dos achados. Além disso, com sede no Musa, o projeto Amazônia Revelada transformou o espaço em um polo de arqueologia.
O Musa agora viabiliza auditórios, mostras e reservas técnicas, essenciais para preservar artefatos encontrados.
Esses drones, permitem que as comunidades locais mantenham o controle sobre os dados de seus territórios, assegurando maior autonomia. Dessa forma, visando promover a preservação ambiental e cultural da região
Povos enfrentam ameaças
Durante as visitas, os pesquisadores escutaram os relatos dos povos da floresta, sejam eles indígenas, quilombolas, beiradeiros ou ribeirinhos, enfrentam ameaças que são urgentes, violentas e graves.
Os relatos incluíram genocídio, estupros, epidemias letais, estradas cortando territórios, poluição dos rios, destruição de locais sagrados, invasões por fazendeiros (com monoculturas de soja, milho ou arroz), grileiros, madeireiros e garimpeiros, secas decorrentes de mudanças climáticas ou barragens hidrelétricas.
A mudança climática tem sido um golpe mais inesperado, em acréscimo à sucessão de violências desde a chegada dos europeus à região.