A seca severa na Amazônia volta a afetar gravemente a vida dos botos e tucuxis, com impacto direto na região do Lago Tefé.

Miriam Marmontel, líder do Grupo de Mamíferos Aquáticos do Mamirauá, alertou sobre a situação crítica dos golfinhos amazônicos, principalmente dos botos vermelhos e tucuxis.

Com o objetivo de prevenir novas mortes, Marmontel e sua equipe têm realizado operações emergenciais de resgate para salvar esses animais das condições adversas.

Centenas de mortes em 2023

No ano passado, as condições climáticas extremas já resultaram na morte de centenas de golfinhos amazônicos, incluindo 178 botos vermelhos e 31 tucuxis, o que representou uma perda alarmante de cerca de 15% da população do Lago Tefé.

Marmontel expressou preocupação com a possibilidade de que a seca atual repita o cenário devastador do ano anterior, com baixos níveis de água e altas temperaturas.

Recentemente, a equipe recebeu informações sobre sete botos vermelhos presos em lagoas isoladas devido à seca.

O resgate desses animais está sendo dificultado pelos baixos níveis de água e pelo calor extremo. A equipe precisou encerrar as operações de captura antes do planejado, já que os igarapés, locais ideais para a captura, estão secos.

As capturas tinham como objetivo avaliar a saúde dos golfinhos e instalar transmissores satelitais para monitoramento, mas as condições adversas limitaram a operação a apenas dois resgates bem-sucedidos: uma fêmea adulta e um jovem macho.

Grande desafio

Marmontel relatou que o transporte dos golfinhos resgatados até o rio Solimões será um grande desafio, uma vez que as comunidades ribeirinhas estão isoladas e o transporte dos animais exigirá uma longa caminhada com todos os equipamentos.

A dificuldade é agravada pelo desconhecimento do terreno, que pode ser lamoso ou arenoso.

Enquanto isso, a plataforma Amazônia Latitude compartilhou a história de Edmar Lopes, um ribeirinho que salvou um boto encalhado no Rio Madeira, próximo a Humaitá. Edmar carregou o boto por um leito de rio seco, devolvendo-o ao seu habitat natural.

Além dos desafios enfrentados pelos golfinhos, a seca também levou 20 municípios do Amazonas a decretarem estado de emergência, afetando 63 mil famílias e causando impactos severos em humanos, fauna e flora. A situação é crítica e pode ter consequências duradouras para a região.

* Com informações da Assessoria

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