A Amazônia enfrenta uma das piores crises de sua história, com a perda de mais de 88 milhões de hectares de florestas entre 1985 e 2023, o equivalente a 12,5% de sua cobertura, segundo dados do MapBiomas Amazônia.

A análise da Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada (RAISG) mostra que, nesses 39 anos, o desmatamento acelerado substituiu vastas áreas de floresta por mineração, agricultura e pecuária.

O uso do solo para mineração aumentou 1.063%, a agricultura cresceu 598% e a pecuária, 297%. A mineração não só destrói a cobertura florestal, mas também compromete o solo fértil, causando erosão e introduzindo poluentes.

O bioma de Florestas Amazônicas ou Tropicais, presente nos nove países da região, foi o mais afetado, concentrando 71% da perda total.

O Cerrado brasileiro, a floresta seca boliviana e outros biomas também sofreram perdas significativas. Em 2023, a devastação atingiu um recorde, com 3,8 milhões de hectares de floresta destruídos, em grande parte devido à mineração e ao agronegócio, agravados pelas secas extremas.

Povos indígenas resistem à degradação

Povo Ka’apor em seu território sagrado – Foto: José Mendes

Apesar da situação crítica, os Territórios Indígenas e Áreas Naturais Protegidas continuam a desempenhar um papel essencial na preservação da biodiversidade. Apenas 5,8% da perda florestal ocorreu nessas áreas, enquanto 94,2% aconteceu fora delas.

Os povos indígenas, há milênios, mantêm práticas sustentáveis que protegem a floresta, mas enfrentam constantes ameaças de mineração ilegal, extração de madeira e atividades ligadas ao narcotráfico, que já resultaram na perda de 3,6 milhões de hectares de suas terras.

Savanização

Foto: Marcio Di Pietro/Secom

Com o agravamento da crise climática, a pressão sobre a Amazônia aumenta. Especialistas alertam que, sem uma ação coordenada entre os países amazônicos e a adoção de alternativas econômicas sustentáveis, a região pode enfrentar um processo irreversível de savanização, com consequências devastadoras para o clima global e a biodiversidade.

A Declaração de Belém e a cooperação regional entre os países são passos importantes, mas precisam incluir a participação ativa de povos indígenas e comunidades tradicionais para frear a destruição da Amazônia.

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