Um turista flagrou um momento inusitado entre dois botos-cor-de-rosa e um jacaré-açu: os mamíferos aquáticos estavam brincando com a cauda do réptil, que tem cerca de 5 metros.
O registro aconteceu no rio Itapará, em Rorainópolis, Sul de Roraima por meio do drone do turista que visitava a região.
No vídeo, os botos se aproximam sem medo do predador, formando uma amizade inesperada enquanto se divertem com o balançar da cauda do réptil. O registro pertence ao biomédico Jhonatha Barros, de 40 anos, natural de Tocantins.
O autor do vídeo visitava o rio roraimense, durante o fim de semana, para pescar. De acordo com ele, haviam seis botos no grupo, mas apenas dois se aproximaram do jacaré-açu.
Confira o momento:
O vídeo viralizou nas redes sociais e já ultrapassou 700 mil visualizações.
Os botos estavam brincando com o jacaré?
De acordo com os biólogos pesquisadores Eduardo Bessa e o professor da Faculdade de Planaltina da UnB, os botos estavam brincando com o jacaré.
Entretanto, o comportamento se assemelha mais a uma espécie de “bullying” e que os animais são muito sociáveis e inteligentes.
“No caso observado, o comportamento parecia ser uma brincadeira, algo que poderia até ser descrito como um ‘bullying’, já que apenas o boto parecia se divertir” explicou o professor ao g1.
Os pesquisadores também explicaram que o mamífero provavelmente treinava suas habilidades de perseguição e espreita durante a brincadeira.
Eduardo Bessa destacou que as imagens são raras: “Comportamentos lúdicos, especialmente entre espécies diferentes, são raros e difíceis de documentar. Esse vídeo é um material valioso, tanto para a ciência quanto para a educação ambiental”, afirmou o pesquisador.
No entanto, muitos comentários de internautas demonstraram preocupação da interação terminar em refeição para o jacaré, porém os professores destacaram ao site que as espécies tem dietas muito diferentes.
O professor afirmou que os répteis atacam botos apenas se estiverem doentes ou encalhados, já que sua rapidez dificulta a captura em condições normais.
Botos mortos na Amazônia: Há risco de extinção?
Inclusive, o número de botos mortos na Amazônia levantou o questionamento sobre o futuro da espécie.
A seca de 2024, mais rápida que a anterior, expõe a gravidade da ameaça à biodiversidade causada pelas mudanças climáticas.
As alterações climáticas intensificam a estiagem na região, como os recordes de 2023, e agravam o superaquecimento das águas. Essas mortes não são apenas números, mas um alerta sobre a degradação ambiental.
Considerados “sentinelas das águas”, os botos refletem o equilíbrio dos habitats. Suas mortes evidenciam as condições anormais que afetam diretamente a qualidade de seus territórios.
Em 2023, cerca de 330 botos morreram em Tefé e Coari, cidades banhadas pelo rio Solimões, na Amazônia. As altas temperaturas da água, que chegaram a 40°C, foram a principal causa.