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Vandalismo: Senado calcula em R$ 4 milhões prejuízo causado por terroristas

Mobiliário antigo e obras de arte foram danificados pelos invasores do Congresso - Foto: Pedro França/Agência Senado

Mobiliário antigo e obras de arte foram danificados pelos invasores do Congresso - Foto: Pedro França/Agência Senado

A diretora geral do Senado, Ilana Trombka, informou na segunda-feira (9) que vai custar aproximadamente R$ 4 milhões para recuperar a estrutura da Casa, assim como itens do mobiliário e obras de arte depredados durante o ataque dos bolsonaristas extremistas ocorrido no domingo (8).

O prejuízo será pago pelo orçamento do Senado, que se abastece de verba gerada por impostos e repassada pelo Tesouro Nacional. 

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A estimativa foi anunciada após reunião da diretoria geral com as áreas administrativas para a avaliação dos danos ao patrimônio e discussão de medidas a serem adotadas para o reparos.

A diretora explicou que é impossível cravar o prazo para que a restauração seja concluída, mas informou que a direção vai dar prioridade a obras visando à posse dos novos senadores, marcada para o dia 1º de fevereiro. 

“Nós identificamos primeiro essa questão dos vidros, segundo a questão dos carpetes, terceiro a questão das obras de arte que foram danificadas e tem que ser recuperadas. Temos também o nosso material da polícia do Senado, que foi utilizado ontem e que precisamos repor”, comentou

Alguns dos prejuízos causados ao patrimônio público e histórico pelos atos de vandalismo:

No Salão Verde da Câmara dos Deputados, a maquete do conjunto arquitetônico do Congresso foi totalmente destruida por vândalos – Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Restauração

As equipes do setor de conservação do Senado e da Câmara estão fazendo uma avaliação completa.

Ainda não é possível ter um levantamento fechado de todos os objetos danificados, o custo e os prazos estimados para a restauração das obras de arte que compõem o acervo artístico e arquitetônico dos dois edifícios do Congresso Nacional.

Algumas dessas obras só poderão ser restauradas pelos próprios artistas que as criaram. 

“A gente ainda não tem um calendário que eu possa cravar. O que eu posso dizer é que nós vamos trabalhar com o mínimo de gasto de erário, com o máximo de agilidade, mas temos aqui 24 horas do ocorrido e o que foi possível fazer foi a reunião de líderes hoje pela manhã e agora [estamos] fazendo o levantamento dos danos. Agora nós vamos buscar saber item por item, o tempo da restauração ou da compra ou da manutenção ou da troca de cada um desses itens”, explicou.

Um exemplar da Constituição entre os itens danificados ou roubados pelos vândalos que invadiram e depredaram o Congresso – Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

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Móveis e janelas danificadas no Senado Federal – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Prejuízos

Logo na chegada ao Senado, entrando pelo Salão Negro, todas as vidraças encontram-se quebradas; outras foram pichadas.

Os equipamentos que realizam raio x para reforçar a segurança de visitantes, também não escaparam da ação dos vândalos.

Os invasores usaram mangueiras de combate a incêndio e boa parte do piso do Salão Negro e dos carpetes foram molhados e danificados. 

No Salão Nobre, onde são realizadas diversas solenidades de cunho cultural, um painel vermelho em madeira com figuras geométricas do artista plástico Athos Bulcão sofreu danos em razão dos estilhaços. Ali também está a tapeçaria do Burle Marx vandalizada. 

Outras obras de arte atacadas são os cinco quadros pintados em tinta óleo que enfileiravam a exposição de ex-presidentes da Casa, no Museu do Senado.

Soma-se a essas obras uma tela do artística gaúcho Guido Mondim, que foi arrancada de uma moldura, e um tinteiro de bronze da época do império.

Diante de uma primeira análise do cenário, ele considerou que o prejuízo financeiro será elevado.

No Salão Nobre, a galeria de retratos oficiais de ex-presidentes do Senado Federal também foi depredada – Foto: Pedro França/Agência Senado

Galeria de presentes 

Outro local que chamou bastante atenção pela amplitude do rastro de destruição foi a galeria dos presentes.

A exposição guardava itens oferecidos por chefes de Estado, representações diplomáticas, assembleias estaduais e câmaras municipais, entre outras instituições.

Peças representativas da diversidade artística, cultural e histórica de várias partes do mundo foram quebradas, como um vaso de porcelana chinês, ou simplesmente desapareceram. 

Segundo Cláudia Guimarães, representante do Centro Cultural da Câmara dos Deputados, alguns presentes foram recuperados, mas outros ainda estão passando por avaliação para se saber a viabilidade e o custo de restauração:

Entre os itens expostos na galeria estavam o The Pearl, objeto de ouro presenteado pela Embaixada do Catar e o Prêmio do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) à CPI que investigou o extermínio de crianças e adolescentes, em 1991.

Havia igualmente várias esculturas, porcelanas, medalhas e placas de prata e ouro oferecidas por lideranças de diversos países ao redor do mundo.  

Equipamentos e estrutura 

Boa parte da estrutura interna do Senado e da Câmara também foi afetada. A porta de vidro da entrada principal do Plenário do Senado, por exemplo, ruiu.

Os vidros das janelas de dois gabinetes de senadores que dão para para a parte externa do Senado foram estilhaçados. Os vândalos usaram esses gabinetes como opção de entrada à parte interna da Casa e deixaram nesses locais muita desordem.

Equipamentos e estrutura de transmissão das sessões plenárias pelo serviço de comunicação da Casa ainda estão sob análise para que se possa avaliar a extensão dos danos e os custos dos ajustes.

Cadeiras, poltronas e outros móveis, inclusive uma mesa da época do Palácio Monroe, do século XIX, foram danificadas.

A divisa de vidro entre o Salão Azul (Senado) e o Salão Verde (Câmara) foi estilhaçada, assim como a maquete tática que oferece uma noção panorâmica da estrutura das duas Casas. 

As portas de entrada da sala da presidência do Senado e o mobiliário da ante-sala foram totalmente destruídos.

Armários foram revirados e materiais de trabalho, perdidos, além de câmeras de segurança quebradas. 

Na Câmara, os corredores que levam a gabinetes das lideranças partidárias tiveram as vidraças quebrada. Já as salas, foram reviradas e alvo de depredação.

No caminho, a escultura Bailarina, do artista plástico Victor Brecheret, ficou no chão. A obra ainda periciada para ver se sofreu dano.

No Salão Verde, o jardim de inverno que abriga um dos painéis mais famosos de Athos Bulcão, o Ventania, também teve suas vidraças quebradas. 

No final da tarde, a Câmara dos Deputados emitiu comunicado informando sobre a avaliação preliminar das obras e a constatação dos seguintes itens danificados ou destruídos:

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