Nas últimas semanas, o presidente Lula (PT) vem fazendo críticas diretas e nominais ao atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

O estopim que causou mais desgaste na relação foi a política de juros altos e, portanto, a manutenção da taxa Selic em 13, 75%.

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Durante a posse do novo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Lula aproveitou a oportunidade para demonstrar seu descontentamento.

O petista fez críticas em relação à condução da política monetária realizada pelo Banco Central.

“É só ver a carta do Copom para a gente saber que é uma vergonha esse aumento de juros e a explicação que eles deram para a sociedade brasileira”, disse o petista.

A decisão do Copom em manter a taxa de juros já era esperada, mas a justificativa da medida inflamou os nervos do presidente.

Segundo ata publicada, a medida considera a perspectiva de gastos públicos mais altos neste início de governo. 

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Críticas de Lula ao BC

As críticas às políticas e decisões do Banco Central vem sendo frequentes, confira outras falas de Lula que evidenciam essa tensão:

  • Independência do BC é “bobagem”, e reforçou que Henrique Meirelles teve autonomia em seu governo anterior mesmo antes da lei;
  • A meta de inflação do país, de 3,75%, obriga a “arrochar” a economia brasileira em momento que precisa voltar a crescer;
  • Vou esperar “esse cidadão”, Campos Neto, terminar o mandato para “fazermos uma avaliação do que significou o Banco Central independente”;
  • Campos Neto quer chegar a uma inflação “padrão europeu”, mas que é necessário chegar à inflação “padrão Brasil”;
  • Brasil tem “cultura” de juros altos, e que o patamar de juros e o comunicado do BC são uma “vergonha”.

Instabilidade do mercado

A questão da independência do Banco Central é sempre um ponto em que Lula retoma, principalmente porque em razão disso Lula não pode demitir o atual presidente do BC, indicação de Jair Bolsonaro.

Com isso, o presidente do órgão passa a obedecer mandatos, que começam e terminam de forma descasada com o governo.

A tensão na relação entre o BC e o presidente da República preocupam autoridades sobre a ocorrência de uma crise institucional.

Cada vez que Lula fala sobre a independência do BC, o mercado financeiro reage com mudanças no câmbio e na bolsa de valores, o que provoca certa instabilidade no mercado. 

Autonomia Banco Central

Na terça (7), em resposta as críticas de Lula, Campos Neto foi breve e defendeu a autonomia do Banco Central, tendo em vista o fato disso desvincular a política monetária do ciclo político.

Em contrapartida, o petista diz que em seu mandato, Henrique Meirelles já tinha liberdade para atuar, ainda que o BC não fosse independente, o que “retira” a necessidade dessa medida.

Apesar das críticas de Lula, o Congresso Nacional não vê disposição para reavaliar a independência do órgão.

Além disso, os ataques de Lula ao BC, unem oposição contra o petista e geram um cenário de instabilidade e “caça as bruxas” no atual governo.