O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) destacou, nesta segunda-feira (13), que quer priorizar a demarcação de terras indígenas e a retirada de garimpeiros da região.
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O anúncio foi feito durante a 52ª Assembleia Geral do Povos Indígenas, em Roraima.
“Os indígenas não estão ocupando terra de ninguém. […] Indígenas estão brigando por aquilo que é seu. […] Tentar legalizar todas as terras para que os indígenas possam ocupar o território que é dele”, destacou Lula.
Lula também destacou que, ao retornar a Brasília, vai tratar de colocar os indígenas em um programa de financiamento da produção agrícola.
“Se temos dinheiro para financiar empresários, agricultura familiar e grandes proprietários de terra, por que não existe dinheiro para financiar indígenas em sua produção […] Prometo que, regressando a Brasília, vou tratar disso com muito carinho”, disse.
O presidente ressaltou que quer investir na saúde dos povos indígenas.
Ações como visitas de médicos sistematicamente, criação de pequenos postos de saúde em cada aldeia indígena e remédio grátis para indígenas foram ideias anunciadas.
A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, destacou que quer retomar, em abril, a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI).
Além disso, a ministra destacou que no mês de março ocorrem discussões para a volta do Conselho Nacional de Política Indigenista
A presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, destacou que o apoio de todos os órgãos é necessário para o desenvolvimento de projetos para os povos indígenas.
“Foram anos e anos de paralisia, de desmonte, de sucateamento. […] Sozinha, a Funai não vai dar conta de tudo, temos que contar com apoio – e apoio financeiro – de outros órgãos”, disse Wapichana.
A ministra da Saúde, Nisia Trindade, o ministro da Defesa, Múcio Monteiro, e o ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Paulo Pimenta, também participaram da cerimônia.
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Lideranças indígenas e falas para Lula
Davi Kopenawa, liderança indígena Yanomami, denunciou a presença de garimpeiros nas terras indígenas e pediu para que as ações do governo de combate ao garimpo ilegal continuem.
“Presidente Lula, não quero mineração na terra Yanomami, na Raposa Serra do Sol, porque a mineração mata nós, mata o povo da cidade, mata a alma do rio, mata a alma da floresta”, afirmou.
O líder indígena ressaltou que é preciso fortalecer a saúde na região, com equipamentos e profissionais, para os povos tradicionais.
“Salvar as crianças que sobraram, 577 já morreram, não queria deixar mais morrerem. Vamos trazer médicos, enfermeiros, dentistas e outros parceiros para ajudar com a saúde”, disse.
A representante das mulheres indígenas de Roraima, Maria Betânia Mota, destacou que é preciso, além do combate ao garimpo, da indenização dos povos indígenas, aumento dos orçamentos da Funai e demarcação das terras indígenas.
“Todos paguem, porque a nossa vida importa, a vida do povo brasileiro importa. Nunca negocie o direito dos povos indígenas com ninguém”, destacou Maria.
Encontro dos povos indígenas
O evento começou no último sábado (11) e vai até terça (14).
Conforme o Conselho Indígena de Roraima (CIR), o tema da 52ª Assembleia Geral do Povos Indígenas é “Proteção Territorial, Meio Ambiente e Sustentabilidade”.
Cerca de 2 mil lideranças de Roraima, entre os povos Yanomami, Wai Wai, Yekuana, Wapichana, Macuxi, Sapará, Ingaricó, Taurepang e Patamona participam do evento.