Depois de quatro anos de espera, o cantor, compositor e escritor Chico Buarque, de 78 anos, vai finalmente receber nesta segunda-feira (24) em Sintra, Portugal, o prêmio Camões, o mais importante da literatura de língua portuguesa.

+ Envie esta notícia no seu WhatsApp

+ Envie esta notícia no seu Telegram

Um dos motivos da demora se deveu à recusa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em assinar a documentação necessária para que o artista recebesse o diploma, segundo explicou à BBC News Brasil o ministro da Cultura de Portugal, Pedro Adão e Silva. 

A entrega também ficou prejudicada pelo confinamento imposto pela pandemia de covid-19.

Como resultado, todos os vencedores do prêmio — quatro no total, incluindo Buarque — ainda não o receberam.

Devido à recusa de Bolsonaro em conceder o prêmio a Chico Buarque, os seguintes escritores ainda não puderam recebê-lo:

  • O português Vitor Manuel de Aguiar e Silva (2020), a moçambicana Paulina Chiziane (2021) e o brasileiro Silviano Santiago (2022).

O ganhador do prêmio recebe 100 mil euros (R$ 555 mil), sendo metade desse valor subsidiado pela Fundação Biblioteca Nacional, entidade vinculada ao Ministério da Cultura

A outra metade é paga pelo governo português. 

Prêmio Camões

O prêmio Camões foi criado em 1988 “com o objetivo de consagrar um autor de língua portuguesa que, pelo conjunto de sua obra, tenha contribuído para o enriquecimento do patrimônio literário e cultural do idioma”, segundo o Ministério da Cultura (Minc).

É considerado a mais importante premiação da língua portuguesa e contempla anualmente autores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Seu nome homenageia o poeta português Luís de Camões (1524-1580), uma das maiores figuras da literatura lusófona.

RELACIONADAS

+ Chico Buarque alfineta Eduardo Bolsonaro e Paulo Guedes em show no RJ

+ Em Portugal, Lula volta a criticar juros altos do Banco Central

+ Lula nega igualar responsabilidade de Rússia e Ucrânia na guerra

Relação Brasil e Portugal

Em declaração no sábado (22), em Lisboa, por ocasião da abertura da 13ª Cúpula Brasil-Portugal, que já não acontecia havia sete anos, o primeiro-ministro português, António Costa, fez alusão ao prêmio Camões.

Ao lado do presidente Lula, Costa usou a recusa de Bolsonaro em entregar a premiação como um exemplo do esfriamento das relações entre Brasil e Portugal nos últimos anos. Segundo ele, no entanto, é momento de “virar a página”.

Costa falou da “interrupção de contatos” entre os dois países. Em sua visão, a consequência mais clara disso foi o fato de “só na próxima segunda-feira (24) ser entregue a Chico Buarque de Holanda o Prêmio Camões, que ganhou há quatro anos, em 2019”.

“Viramos, por isso, uma página”, disse.